O dólar se firmou em queda nesta tarde de quarta-feira, 19, e conseguiu fechar no patamar de R$ 3,14 - se aproximando da menor cotação desde 17 de maio (R$ 3,1340), quando estourou a crise política com a delação da JBS. Entre os motivos que contribuíram para a desvalorização de hoje estão o possível anúncio de imposto, alta do petróleo e um ambiente político mais tranquilo. Além disso, foi vista continuidade na entrada de investidores estrangeiros para as Ofertas Públicas de Ações (IPO) na B3.
Entre as forças que exerceram pressão na ponta vendedora está a possibilidade de anúncio de aumento de imposto entre hoje e amanhã. Hoje, a Receita Federal divulgou a arrecadação federal em junho (R$ 104,1 bilhões), e embora tenha vindo acima da mediana (R$ 102,250 bilhões) das projeções, especialistas apontam que o valor não resolve o problema de receita em 2017. Desta forma, o governo deverá elevar impostos para conseguir cumprir a meta e não encerrar 2017 com um déficit multibilionário maior que R$ 139 bilhões.
Especialistas de mercado estimam que o governo deve anunciar um aumento no PIS/Cofins sobre os combustíveis, uma vez que o aumento entra em vigor instantaneamente. Um avanço da Cide não é descartado, embora seja menos cogitado, uma vez que precisa de noventena para que entre em vigor.
O diretor de câmbio da Abrão Filho, Fernando Oliveira, aponta que com a inflação mais baixa, um aumento do imposto sobre a gasolina não deve afetar tanto o índice. "Um aumento de imposto é positivo para o dólar porque um dos grandes problemas do Brasil é a questão fiscal. No momento em que a equipe econômica sinaliza que vai aumentar tributos e que está caminhando para cumprir a meta, o dólar se beneficia", explicou Oliveira. Para um operador do mercado, após o anúncio, o dólar pode encontrar mais espaço para cair.
Enquanto isso, outros fatores seguem ajudando na retração da moeda americana. Além da alta de mais de 1% do petróleo, que levou a divisa a recuar ante a maioria das principais moedas emergentes e ligadas a commodities, fatores técnicos continuam favorecendo o real.
Os especialistas do mercado observaram fluxo positivo de investidores estrangeiros para a temporada de IPOs na B3. Após a precificação de ontem do Carrefour, que movimentou R$ 5,125 bilhões, os investidores seguem atentos à precificação do IPO da companhia do setor farmacêutico Biotoscana, nesta sexta-feira (21) e as ofertas do ressegurador IRB Brasil Re e da companhia do setor de energia renovável Ômega Geração, na próxima semana.
No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,19%, aos R$ 3,1493. O giro financeiro somou US$ 1,39 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1457 (-0,30%) e, na máxima, aos R$ 3,1631 (+0,25%). No mercado futuro, o dólar para agosto caiu 0,24%, aos R$ 3,1560. O volume financeiro movimentado somou US$ 11,65 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1515(-0,37%) a R$ 3,1710 (+0,23%).