A crise política, desencadeada pela divulgação em 17 de maio da delação do empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo de proteína animal JBS, pode afetar os números já desfavoráveis do mercado de trabalho no País. A avaliação é de Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em abril, a população desocupada teve ligeiro recuo em relação ao patamar de março: 14,048 milhões ante 14,176 milhões. A população ocupada cresceu de 88,947 milhões para 89,238 milhões. A taxa de desemprego saiu de 13,7% para 13,6%. No entanto, dois terços das informações levadas em consideração são repetidas, o que impede que os dados sejam comparáveis, alerta Azeredo.
"O mercado está demitindo menos. A procura por trabalho continua crescendo, mas cresce em intensidade menor. O mercado reage de alguma forma a efeitos externos, tanto macroeconômicos quanto políticos. Só que a pesquisa reflete abril. Você tem um mês de maio com crise política, com efeitos que podem afetar o cenário econômico e podem afetar o mercado de trabalho", disse Azeredo.
Segundo ele, os dados ainda mostram redução da ocupação, aumento do desemprego e o menor patamar da série de postos de trabalho com carteira assinada.
"Em três anos, o Brasil perdeu 3,5 milhões de empregos, sendo 96% deles com carteira assinada", lembrou o coordenador do IBGE.
O pesquisador explica que a desaceleração no ritmo de aumento da população desempregada pode estar associada ao desalento, pessoas que deixam de procurar emprego por acreditarem que não conseguirão uma vaga.