No primeiro evento no Palácio do Planalto depois de ser envolvido na maior crise de seu governo, o presidente Michel Temer lançou um Plano Safra de Agricultura Familiar sem grandes novidades e fez apenas uma menção indireta à crise para reforçar que nada vai tirá-lo do poder. "Vamos continuar nessa trilha. Ninguém vai impedir que nós tenhamos impedimento dessas políticas públicas que estamos levando a frente", afirmou o presidente, sem citar processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode culminar com sua cassação nem os pedidos de impeachment que estão protocolos na Câmara dos Deputados.
Temer repetiu que o governo trabalha com ajuste fiscal, mas que seu governo não se descuida do lado social e citou medidas já anunciadas no ano passado, como o reajuste do Bolsa Família. "De vez quando tem quem diga que o governo não pensa no social, mas veja o que estamos fazendo nesta área", afirmou o presidente, que lembrou também o cartão reforma, medida que já está em vigor desde o fim de abril.
Logo no início de seu discurso, Temer fez um "apelo" ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, para que o Senado vote o mais rapidamente a Medida provisória que regulariza a situação de assentados. Quebrando o protocolo, Eunício interrompeu o discurso do presidente e o informou que quebraria o interstício para votar na quinta a medida. "Há milhares de assentados que não têm titularidade de terra. Ao final do governo todos terão seus títulos de propriedade", prometeu Temer.
Ao falar dos R$ 30 bilhões em crédito rural para agricultura familiar, que foram anunciados nesta quarta, o presidente disse que as pequenas propriedades "são peças-chave da segurança alimentar do país", e lembrou que o volume de recursos e os juros do Pronaf não foram alterados apesar da recessão.
Sem citar o aumento da taxa de desemprego (ante 2016) divulgada nesta quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Temer reiterou que um dos "objetivos fundamentais" do seu governo é a retomada do emprego. "Quando estimulamos a agricultura familiar, combatemos a pobreza e o desemprego. Essa medida também é eficaz para reduzir a inflação. A queda da inflação - que chegou a mais de 10% ao ano - para abaixo do centro da meta deriva em boa parte da agricultura familiar", afirmou.
No dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai decidir sobre a taxa Selic, com expectativa de corte de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, Temer fez mais um apelo, desta vez ao presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, para que ele também lute por juros menores. "Acesso ao credito é fundamental para agricultura familiar. O Caffarelli sabe disso e vai entrar nessa campanha para reduzir mais o juros do Banco do Brasil", disse.