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Abbas encerra a cooperação com Israel

21 mai 2020 às 07:25

O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, rompeu os acordos de segurança com Israel e EUA em razão do plano de anexação de territórios ocupados da Cisjordânia. Após uma reunião de líderes palestinos em Ramallah, Abbas disse que a proposta israelense "acaba com as chances de uma solução de dois Estados".

"O governo palestino está liberado, a partir de hoje (terça-feira), de todos os acordos e entendimentos com os governos americano e de Israel e de todas as obrigações baseadas nesses acordos, incluindo as de segurança." Abbas já havia feito várias ameaças anteriores de encerrar a cooperação com Israel, mas nunca levou nenhuma adiante. Não se sabe os efeitos práticos da decisão.

Analistas dizem que a coordenação entre as forças de segurança israelenses e palestinas na Cisjordânia ocupada é crucial para Israel, pois neutraliza as ações do Hamas e aumenta a hegemonia do Fatah, partido de Abbas.

Ontem, o emissário da ONU para o conflito no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, pediu a Israel que "abandone suas ameaças de anexação" e à liderança palestina que "retome as negociações" com os países envolvidos no processo de paz na região.

"Chamo meus colegas do quarteto (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas) a trabalharem com a ONU para obtermos rapidamente uma proposta que nos permita desempenhar nosso papel de mediação e trabalhar conjuntamente com os países da região para fazer a paz avançar", afirmou Mladenov durante uma reunião do Conselho de Segurança. "A anexação de áreas na Cisjordânia representaria uma violação muito grave do direito internacional e seria um golpe devastador para a solução de dois Estados."

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que tomou posse no domingo em um governo de unidade com o ex-rival Benny Gantz, firmou a coalizão amparado na proposta de anexação de partes da Cisjordânia. A ideia é anexar o Vale do Jordão, uma área estratégica importante, e assentamentos espalhados por todo o território.

Em uma declaração conjunta, França, Bélgica, Alemanha e Estônia reafirmaram ontem que não reconheceriam nenhuma mudança nas fronteiras definidas em 1967, "a menos que sejam decididas por israelenses e palestinos".

Corrupção

Ao mesmo tempo que enfrenta uma crise com os palestinos, um tribunal convocou ontem Netanyahu a se apresentar no domingo para ser julgado por corrupção, fraude e quebra de confiança em três casos diferentes. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.