Mundo

Escalada de tensão na Síria faz 800 mil deixarem suas casas

18 fev 2020 às 08:45

O acirramento das tensões entre as tropas do governo sírio e os rebeldes que lutam contra a ditadura de Bashar Assad levou ao menos 832 mil pessoas a deixarem a Província de Idlib, desde o início de dezembro, segundo relatório da ONU. A organização calcula que, desse total, 700 mil sejam mulheres e crianças.

Os refugiados enfrentam temperaturas próximas de zero grau, levando os poucos pertences que conseguem em ônibus, carros e caminhões. A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, que trabalha com base no Reino Unido e em observadores na Síria, estima que apenas na semana passada foram mais de 100 mil deslocamentos.

Com o avanço dos soldados sírios, aliados do presidente russo, Vladimir Putin, milhares de sírios seguem fugindo das ofensivas rumo ao norte do país, região considerada mais segura. Na avaliação da ONU, a maior urgência é instalar agora abrigos para receber esse grande número de refugiados.

A fronteira turca está aberta para quem entra na Síria, mas fechada para quem quer sair. As autoridades turcas vêm alertando há meses que não podem lidar com um novo fluxo de refugiados, mas a ofensiva do regime sírio em Idlib pode levar quase 3 milhões de pessoas a atravessar a fronteira da Turquia, que já abriga quase 4 milhões de refugiados sírios.

O porta-voz do Escritório da Organização das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês) na Síria, David Swanson, afirmou que a situação está "fora de controle". Em nove meses de ofensiva, mais de 1,5 mil civis foram mortos na região - número que deve aumentar se a situação seguir assim.

O regime de Assad acusa os turcos de manterem tropas no noroeste do território sírio e de darem suporte aos grupos opositores, o que vem elevando a tensão entre os vizinhos. Na semana passada, pelo menos 55 soldados do Exército sírio foram mortos nos últimos ataques da Turquia na Província de Idlib, localizada próxima à fronteira turca. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.