Uma greve geral, com a paralisação do transporte público, desafiou ontem o presidente argentino, Mauricio Macri, em meio à campanha eleitoral por sua reeleição e sob pressão pela crise econômica que assola o país com uma inflação de 55% e o aumento da pobreza. É a quinta greve enfrentada por Macri desde a sua eleição em 2015.
Convocada pelas principias centrais sindicais em protesto pelas medidas de ajuste econômico, a greve paralisou o metrô de Buenos Aires, bem como trens, ônibus e transporte de cargas. Escolas, universidades e bancos também pararam. Os hospitais atenderam apenas emergências e não operaram nem portos nem aeroportos. As autoridades estimam que cerca de 330 voos da Aerolíneas Argentinas foram cancelado s afetando 37 mil passageiros.
Segundo os dirigentes sindicais, a adesão à paralisação de 24 horas foi quase total. "O movimento dos trabalhadores reitera o anseio para que se tomem ações imediatas para frear a decadência política, social e econômica do país", disse em coletiva Héctor Daer, presidente da Confederação Geral de Trabalho (CGT). Controlada pelo peronismo, atualmente na oposição, a CGT demanda que o governo aumente os salários pelo índice de inflação - que chegou a cerca de 50% nos últimos 12 meses - e reduza impostos.
O governo atribuiu a greve à falta de transporte público. "A população é refém do funcionamento ou não dos transportes. Vimos isso na paralisação anterior, quando havia transporte e as pessoas foram trabalhar", disse o ministro dos Transportes, GuillermoDietrich.
As ruas de Buenos Aires ficaram praticamente desertas, com pouco comércio aberto. Em vários pontos da capital, grupos se organizaram para chamar a atenção para a pobreza, que alcança 32% dos argentinos. "Não queremos mais ajustes. Não queremos demissões, queremos que sejam proibidas. Não queremos gente morrendo de fome", disse à agência France Presse Gustavo Michel, funcionário de uma refinaria. "Muitas fábricas estão fechando. São muitas famílias que estão morando na rua. É terrível porque não há trabalho."
O índice desemprego fechou 2018 em 9,1%. Segundo os sindicatos, nos últimos três anos 290 mil postos de trabalho foram fechados no país de 44 milhões de habitantes.
Grupos de esquerda organizaram bloqueios das rotas de acesso à capital argentina. Em alguns pontos, no sul do país, os manifestantes foram reprimidos pela polícia com gás lacrimogêneo e balas de borracha. "Estamos sofrendo tarifaços por culpa de Macri e do Fundo Monetário Internacional. Não vamos facilitar a vida de Macri nem do governo que vier se continuar seguindo o FMI", disse Cristian Durán, manifestante desempregado. Em outubro, os argentinos vão às urnas escolher seu novo presidente. (Com Agências Internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.