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Seus produtos domésticos são tão poluentes quanto seu carro

16 fev 2018 às 12:19

A imagem que temos da poluição não voltará a ser a mesma. Uma equipe de cientistas dos Estados Unidosobservou, na cidade de Los Angeles, que as emissões de produtos comumente usados em casa — como tintas, vernizes, purificadores de ar, laquê, tintas de impressão, adesivos, pesticidas, cosméticos e produtos limpeza — já contribuem tanto para a poluição atmosférica urbana quanto as emissões de automóveis.

A explicação são os compostos orgânicos voláteis, hidrocarbonetos que se apresentam em estado gasoso à temperatura ambiente. A atmosfera oxida esses compostos, emitidos por produtos comuns no lar e, através de uma cascata de reações químicas, acabam sendo integrados em partículas suspensas de menos de 2,5 milionésimos de metro. Essas minúsculas partículas entram na parte mais profunda dos pulmões e podem causar doenças respiratórias.

"É surpreendente. Estamos há seis ou sete anos discutindo se era possível. E eu estava entre os defendiam que não era possível", afirma o engenheiro químico José Luis Jiménez, coautor do estudo, publicado nesta sexta-feira na revista Science. Apenas 5% do petróleo é refinado para obter ingredientes desses produtos para o consumo diário, enquanto 95% é destinado aos combustíveis. No entanto, os pesquisadores afirmam que as emissões de compostos orgânicos voláteis se dividem em 50% entre essas duas fontes em Los Angeles.

"Perfumes, desodorantes, xampus, adesivos, tintas... emitem compostos orgânicos voláteis. Medimos esses compostos na classe da minha universidade, e são muito mais altos pela manhã do que à tarde", explica Jiménez, nascido em Zaragoza, em 1968, e professor da Universidade do Colorado (EUA).

O estudo é baseado em dados coletados na cidade californiana com uma abrangência sem precedentes, mas Jiménez acredita que suas conclusões podem ser estendidas para outros países industrializados. No entanto, reconhece que a falta de dados torna "impossível saber se, na Espanha, é de 15% ou 40%" a porcentagem de compostos orgânicos voláteis emitida por produtos de consumo.

"Os compostos orgânicos voláteis são os grandes esquecidos na avaliação da qualidade do ar", diz Javier Roca, diretor técnico do Laboratório do Centro de Meio Ambiente da Universidade Politécnica da Catalunha. Roca, que não participou do novo estudo, lembra que há compostos orgânicos voláteis extremamente perigosos para a saúde, como o benzeno e o cloreto de vinil; e outros que podem causar danos significativos ao meio ambiente, tais como o acetaldeído, a anilina e o tricloroetileno.

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