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Trump oferece levantar sanções se Maduro deixar poder

01 abr 2020 às 06:38

O governo de Donald Trump ofereceu ontem levantar as sanções contra a Venezuela se oposição e chavistas formarem um governo interino, sem a participação do presidente, Nicolás Maduro e do dissidente Juan Guaidó. A oferta representa uma mudança na política dos EUA, que fracassaram em suas tentativas de afastar Maduro do poder.

Com a Venezuela afetada pelos baixos preços do petróleo, a pandemia do corona vírus e a pressão dos EUA, Trump mudou de tática para promover eleições livres até o final do ano e encerrar a crise. O secretário de Estado, Mike Pompeo, anunciou ontem formalmente a "proposta de transição democrática" para a Venezuela como um primeiro passo para o fim das sanções americanas, até mesmo sobre o vital setor petrolífero, se Maduro e seus aliados cooperarem.

No entanto, não será um trabalho fácil conduzir Maduro e seus associados para a reconciliação com Guaidó, reconhecido pelos EUA e mais de 50 países como presidente interino da Venezuela. Maduro tem se mantido no poder, apesar dos repetidos esforços dos EUA para afastá-lo do cargo, e não demonstrou nenhuma disposição de negociar o fim de seu regime.

Por meio de seu chanceler, Jorge Arreaza, Maduro classificou a sugestão dos americanos de "aberração". "A Venezuela é um país livre, soberano, independente e democrático que não aceita, nem aceitará jamais tutela alguma de nenhum governo estrangeiro", disse Arreaza.

A iniciativa americana foi divulgada menos de uma semana após o Departamento de Justiça dos EUA indiciar Maduro e mais de uma dúzia de atuais e ex-funcionários do governo chavista pela acusação de narcoterrorismo, que o líder venezuelano qualificou de "falsa". O governo americano ainda anunciou uma recompensa de US$ 15 milhões para quem fornecer informações que levem à captura de Maduro.

O presidente venezuelano, no entanto, ainda tem o apoio dos militares, assim como de Rússia, China e Cuba. Mesmo assim, o governo de Trump espera que a guerra energética, entre a Rússia e a Arábia Saudita, que contribuiu para a queda do preço do petróleo - principal fonte de divisas da Venezuela - e a crescente ameaça da pandemia ajudem a tornar Maduro e seus seguidores mais maleáveis a uma saída negociada.

De acordo com a proposta americana, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, "elegeria um governo de transição inclusivo e aceitável para as grandes facções". Um conselho de Estado governaria até a realização de eleições, que seriam realizadas dentro de 6 a 12 meses. O representante especial dos EUA para a Venezuela, Elliott Abrams, disse que a proposta não prevê um exílio de Maduro e não proíbe o líder bolivariano de participar das eleições - ele não poderá participar do governo provisório. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.