Paraná

Simepar vai instalar primeiras estações meteorológicas em áreas de montanha no Paraná

14 ago 2025 às 21:37

O relevo irregular das áreas montanhosas faz com que o tempo mude mais rapidamente nestas regiões. Isso pode atrapalhar o planejamento dos montanhistas, dos turistas e colocar vidas em risco. Para ajudar na previsão e monitoramento do tempo nestas áreas, e consequentemente na tomada de decisão dos órgãos responsáveis, o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar) fará a instalação inédita de duas estações meteorológicas em áreas de montanha.


A primeira estação será instalada na próxima semana na base do Parque Estadual Pico Marumbi (PEPM). A visita técnica para estudar o melhor local para colocação das estações foi nesta terça-feira (12). Os estudos apontaram que o melhor local para implantação na base é próximo à estação de trem Marumbi. A segunda estação, no prazo de até 60 dias, será instalada no topo do Pico Olimpo, também conhecido como Pico Marumbi, o ponto mais alto do parque.


Elas são compostas pelos seguintes equipamentos: anemômetro (registra a velocidade e rajada do vento), pluviômetro (registra volumes de chuva), piranômetro (mede a radiação solar), termohigrômetro (sensor de temperatura e umidade) e barômetro (sensor de pressão).

SEGURANÇA - O Cosmo atua em primeira resposta nos atendimentos no Parque Estadual Pico Marumbi. Nos casos mais graves, o Corpo de Bombeiros é acionado. O grupo atendeu mais de 30 ocorrências entre 2022 e 2024 no PEPM – entre elas sete resgates graves. Entre as ocorrências, 31% foram no Olimpo e na Trilha Frontal. Segundo o grupo, preparo físico, hidratação e planejamento de horário evitariam 60% destes incidentes.


De acordo com os meteorologistas do Simepar, o tempo muda mais rapidamente em regiões montanhosas por conta do relevo irregular. Altura, vegetação e até mesmo a proximidade com o oceano, no caso do PEPM, impactam diretamente nestas alterações. Podem ocorrer repentinamente, por exemplo, ventos fortes e enxurradas, que colocam os montanhistas e visitantes em situação de risco.


Para o vice-coordenador do Cosmo, Lineu Filho, as questões climáticas são primordiais para uma visitação mais segura. Com clima úmido, as trilhas ficam mais perigosas, mais lisas. O frio aumenta a condição para hipotermia, porque a temperatura fica mais baixa quanto mais alto a pessoa está. Já no verão, com temperaturas muito altas, há uma condição de amplitude térmica muito grande entre as diferentes áreas da trilha.


O PARQUE -  O PEPM possui atualmente 8.745 hectares de área e configura uma Unidade de Conservação da Natureza de Proteção Integral, ou seja, é um parque instituído com objetivo principal de conservar a rica biodiversidade local.


Parte de seus limites faz divisa com outras unidades como a Área de Proteção Ambiental Estadual do Piraquara, Parque Estadual da Serra da Baitaca e Parque Estadual da Graciosa. O PEPM recebe cerca de 8,5 mil visitas ao ano, e julho é o mês que recebe o maior público. 


BRAÇO DO MONTANHISMO - O Conjunto do Marumbi é formado por diversos picos que superam os 1.000 metros de altitude e possui, por questões de segurança, acesso autorizado apenas nos quatro principais: Pico Olimpo (1.539 m), Gigante (1.487 m); Ponta do Tigre (1.400 m); Abrolhos (1.200 m); e Morro Rochedinho (625 m).


O nome originário do mais alto, batizado pelos índios, era "Guarumby", que em tupi significa "Montanha Azul". Hoje ele recebe o nome de Joaquim Carmeliano Olimpio, que alcançou em 21 de agosto de 1879, pela primeira vez, estes 1.539 metros de altitude.


Esta conquista marcou o início do montanhismo por esporte no país, e por isso a Montanha do Marumbi é considerada o Berço do Montanhismo no Brasil. Até a conquista do Pico Paraná na Serra do Ibitiraquire, na década de 1940, o Marumbi, hoje Olimpo, era considerado o ponto mais alto do Estado. Devido à inclinação, a trilha para o Olimpo é considerada mais difícil do que a do Pico Paraná, ainda que a altitude seja menor.