Policial

Confronto próximo à UEL: mães afirmam que filhos foram executados pela PM

11 jul 2022 às 13:22

Duas mães que perderam os filhos em um confronto com a Polícia Militar (PM), em maio deste ano, questionam a ação dos policiais na abordagem e querem que o Ministério Público investigue o caso. William Junior, de 18 anos, filho de Hayda Melo e Anderbal Júnior, de 21, filho de Valdirene Inácio, morreram na hora. Um terceiro jovem baleado sobreviveu e teria contado uma versão diferente, em que os policiais já teriam chegado atirando.


"O Choque estava vindo atrás deles e o menino que estava dirigindo diminuiu para a equipe passar. Quando a Choque passou, já emparelhado com o carro, eles começaram a atirar. O motorista morreu na hora com um tiro na cabeça. O meu filho e o menino que estava atrás tentaram abrir a porta para tentar fugir e caíram porque estavam muito feridos. Ele disse que eles falaram assim ‘você tem passagem?’ e ele respondeu que não tinha’. Disse que eles começaram a ficar apavorados e abriram a perna do menino, colocando uma Glock (pistola) no meio da perna dele. Quando as outras viaturas chegaram, eles abriram a perna dele e fingiram que acharam a arma", alegou Melo.


Hayda e Valdirene contaram que estão aguardando o resultado da perícia do carro e procurando por câmeras de segurança da cidade para elucidar os fatos. "Eles tiraram o menino de dentro do carro e o jogaram no mato de bruços para falar que ele tentou fugir. Só que a perícia do corpo não tem nenhum tiro de costas, todos são de frente ou de lado. Onde que um bandido vai peitar a Choque com uma 38?”, declarou Melo.


O confronto ocorreu no dia 6 de maio, em frente à Universidade Estadual de Londrina (UEL), durante uma abordagem a um Cruze que, de acordo com a PM, havia sido alvo de roubo. Na ocasião, a polícia apresentou três armas, que estariam com os suspeitos.


As mães criaram uma página no instagram e querem mobilizar familiares de outras pessoas mortas em confrontos na cidade. O objetivo é provocar o Ministério Público a investigar os casos. "Queremos que outras famílias de vítimas entrem em contato para a gente ir até o MP e unir forças. Tem pessoas sendo ameaçadas pela Choque porque têm famílias que viram eles matando. Não vamos descansar enquanto não tivermos justiça pelos nossos filhos. Isso tem que acabar”, disse Melo.


Conforme Valdirene, o filho disse que havia comprado um veículo bambu com dívidas de financiamento. Ela não acredita que eles estivessem envolvidos com roubos. "O meu filho tinha saído de manhã para comprar o carro porque o dele havia sido roubado. Eu não acredito que eles tenham participado de um roubo porque o meu filho estava de chinelo, inclusive foi a única coisa que a polícia devolveu para o meu marido. Eles afirmaram que ele fazia parte de uma quadrilha que roubava carros e camionetes. Isso é inviável. Como que uma pessoa vai sair de casa para roubar como eles falaram de chinelo?”, afirmou Inácio.


O outro lado


Procurada, a Polícia Militar se manifestou sobre o caso dizendo que a maior prova de que não houve erro é o fato de que um, dos três suspeitos que estavam no veículo, foi socorrido. "Já tivemos vários casos de confronto este ano, lamentavelmente, e a maior demonstração de que não houve pretensão policial é o fato de que, dos três que foram baleados nessa situação, um foi socorrido e está preso", ressaltou o comandante do 5º BPM, tenente-coronel Nelson Villa.


O comandante ainda afirmou que a situação foi legítima para a realização da abordagem. "Seria anormal se uma mãe e um pai, independente de quem seja seu filho, não se sentisse triste e lamentasse a perda. Mas a polícia não escolhe quem vai abordar e a situação era de flagrante delito”, completou.

 

Confira a entrevista na íntegra aqui