Policial

Gaeco de Londrina cumpre dez mandados de prisão pela Operação Fauda

04 ago 2022 às 08:25

O Ministério Público do Paraná, por meio do núcleo regional do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina cumpre na manhã desta quinta-feira (4), dez mandados de prisão temporária e 26 de busca e apreensão no âmbito da *Operação Fauda, que investiga a prática dos crimes de lavagem de dinheiro, extorsão, estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.


Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal de Londrina, contra integrantes de duas associações criminosas, e estão sendo cumpridos em Arapongas, Sabáudia, Faxinal, Jandaia do Sul, Ibiporã e Guaíra, além de Bauru, em São Paulo, Mundo Novo e Dourados, no Mato Grosso do Sul, e Goiânia e Palmeiras, em Goiás.


Criminosos conhecidos – As investigações da Operação Fauda tiveram início em maio de 2021, em Londrina, onde uma mulher foi presa em flagrante em diligência do Gaeco e da Divisão Estadual de Narcóticos, utilizando documento falso para tentar se passar pela companheira de um narcotraficante condenado no âmbito das operações Zaquel, deflagrada em 2007, e Ferrari, iniciada em 2015, ambas da Polícia Federal. A mulher estava em um cartório de notas da cidade, tentando transferir imóvel residencial de alto padrão pertencente à pessoa envolvida com o narcotráfico.


Com a prisão dessa primeira investigada, foi identificada a existência de associação criminosa integrada por suspeitos já conhecidos no meio policial, da cidade de Arapongas, que falsificavam documentos para registrar procurações e escrituras públicas com a finalidade de se apropriarem de bens de origem ilícita, como imóveis, veículos e valores em conta bancária, pertencentes a um casal investigado por narcotráfico pela PF nas operações mencionadas.


O casal em questão, que morava na cidade de Mundo Novo (MS) e que comandaria uma organização criminosa, está desaparecido desde o início de 2018, após disputa com um grupo rival formado por narcotraficantes investigados no âmbito da Operação Laços de Família, da Polícia Federal, deflagrada em 2018. O líder dessa segunda organização criminosa, também sediada na região de Mundo Novo, está preso em presídio federal por homicídio qualificado praticado contra diversos integrantes da organização criminosa investigada na Operação Zaquel. Há suspeita de que o casal desaparecido também tenha sido morto por esse grupo.


Fraudes – Paralelamente, as investigações demonstraram que os bens do casal desaparecido, que incluem propriedade rural e mansão em Mato Grosso do Sul, também foram alienados para os investigados mediante fraude. Inclusive, a esposa do líder dessa segunda organização criminosa, alvo de mandado de prisão nesta quinta-feira, mora na residência do casal desaparecido, em companhia de um advogado, que também é alvo de mandado de prisão.


Tanto a quadrilha de Arapongas como a quadrilha de Mundo Novo teriam se valido de familiares do casal desaparecido para facilitar as transferências dos bens. Uma das finalidades da operação deflagrada nesta data é apurar se essas participações se deram de modo fraudulento, de forma voluntária ou ante grave ameaça contra esses familiares. Estima-se que os valores auferidos pelos investigados com as fraudes em questão envolvendo apenas os bens imóveis do casal desaparecido seja de no mínimo R$ 4 milhões, além de quantias eventualmente apropriadas de contas bancárias e outros bens móveis. Além de recolher provas dos crimes, a Operação Fauda busca a recuperação desses ativos de origem ilícita e a destinação conforme a legislação em vigor.


* Fauda é uma expressão árabe que significa “caos” e é um jargão do exército israelense para designar as situações em que tudo dá errado.