Mais uma vítima do Golpe do Presente registrou Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia de Estelionatos de Londrina. O que chama atenção é a sofisticação do esquema criminoso. Os bandidos conseguiram adulterar as máquinas de cartão de crédito e débito, para enganar as pessoas de boa fé.
O presente, a vítima não recebeu. O rombo na conta foi feito em um intervalo de apenas dois minutos: R$ 4,5 mil e R$ 4,9 mil debitados no cartão.
O salário, a primeira parcela do décimo terceiro e o limite foram usados. Ficaram as contas que estão pra vencer.
A funcionária pública, aposentada, prefere não se identificar. Ela conta que tudo começou com uma ligação, sobre um presente de aniversário, e que ela só tinha que pagar a taxa de entrega.
Ela conta que achou normal, porque “no meu trabalho a gente fazia isso, mesmo. Às vezes, o aniversariante não estava trabalhando, no dia, aí a gente queria fazer uma surpresa. Fazíamos uma vaquinha e mandávamos, lá, uma cesta matinal, né?”
Imagens de câmeras de segurança mostram a situação de uma outra vítima: o golpe se repete.
O entregador chega de moto, sem tirar o capacete. Leva uma mochila de entrega de comida. Passa o cartão uma, duas vezes, simulando dificuldade com o sinal de Internet.
Quando a pessoa desconfia, ele tem um discurso pronto para amolecer a vítima.
“Minha senhora, eu estou fazendo o meu trabalho. Meu trabalho é a entrega, não é fácil” conta a vítima – que se disse quase arrependida de ter desconfiado do criminoso.
Ela acabou voltando para o apartamento, para pegar o dinheiro. Nessa hora, o entregar sumiu e ela se deu conta do golpe.
Na mesma hora, cancelou o cartão, mas não conseguiu bloquear os débitos. Na agência bancária, descobriu que não era a única vítima.
Sem saber, nossas informações estão circulando livremente por aí, quando preenchemos uma ficha, um cadastro com nome completo, telefone, data de nascimento, RG, CPF. E, ainda, com a tecnologia, hoje é possível, também, adulterar as máquinas de cartão de crédito e de débito.
De acordo com o Fernando Peres, advogado, “é possível, nas máquinas, adulterar o visor para que somente os valores das unidades sejam mostrados, mas não as dezenas, centenas ou milhares. Mesmo se eu digitar um número maior, vão aparecer somente as unidades do valor que eu estou pagando. Por isso, é muito importante termos a prática de exigir o comprovante”.