A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público do Paraná (MPPR) e tornou Aaron Delece Dantas, de 23 anos, réu pelos crimes de duplo homicídio e tentativa de homicídio.
No dia 3 de setembro, Aaron invadiu uma casa no Jardim Jamaica, em Londrina, por volta das 6:15, atacou a facadas uma jovem de 22 anos, matou Daniel Takashi Suzuki Sugahara, também de 22 anos, que dormia ao lado dela, e Júlia Beatriz Garbossi Silva, de 23 anos, aluna do curso de Ciências Sociais da UEL, que morava na mesma casa.
A jovem que sobreviveu conseguiu convencer Aaron de levá-la ao hospital, já que tinha diversos ferimentos no corpo. Eles foram até a UPA do Jardim do Sol, por meio de um carro de aplicativo, onde a moça conseguiu relatar aos funcionários o que aconteceu.
A Polícia Militar foi acionada, e o rapaz, preso em flagrante.
Em depoimento, a jovem relatou que estaria sendo perseguida por Aaron. Eles teriam trabalhados juntos, mas nunca tiveram nenhum tipo de relacionamento amoroso. O acusado também estaria perseguindo-a pelas redes sociais, cometendo o crime de ‘stalking’, criando perfis falsos para acompanhar a vida dela.
O Néias - Observatório de Feminicídios Londrina emitiu uma nota repudiando a decisão da justiça, por não ter reconhecido a qualificadora de feminicídio no atentado.
“Para Néias, a ausência da qualificadora está em flagrante desacordo com as Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes Violentas de Mulheres, documento publicado em 2016 pelo governo brasileiro e a ONU Mulheres”, diz a nota.
“Sobre a vítima fatal Júlia Beatriz Garbossi Silva, de acordo com as diretrizes, encaixa-se também como um feminicídio - neste caso, por conexão, assim definido: “Morte de uma mulher que está 'na linha de fogo', no mesmo local onde um homem mata ou tenta matar outra mulher. Pode se tratar de uma amiga, uma parente da vítima – mãe, filha – ou de uma mulher estranha que se encontrava no mesmo local onde o agressor atacou a vítima.”
O Observatório ainda destaca que “o assassinato de Daniel Suzuki, cometido na mesma circunstância de Júlia, poderia ser lido como um feminicídio por conexão”
“É urgente que façamos a defesa de instrumentos como os protocolos e diretrizes para orientar a atuação das autoridades envolvidas nas investigações, processamento, julgamento e punição da violência contra meninas e mulheres com perspectiva de gênero”, finalizou.
A partir de agora, Aaron passa a ser réu no processo e responde por dois assassinatos e uma tentativa de homicídio, por motivo fútil, meio cruel, devido ao uso da faca, e por não dar chance de defesa às vítimas.
A denúncia também cita que o réu "constrangeu, com emprego de violência", a vítima que sobreviveu, causando "intenso sofrimento físico e mental".
Se condenado, as penas pelos crimes podem ultrapassar 30 anos de prisão. Atualmente, ele está preso preventivamente no Complexo Médico Penal, em Curitiba.