O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista exclusiva a BandNews TV e a BandNews FM na tarde desta sexta-feira (18) - assista a íntegra acima com repórter Túlio Amâncio - e analisou os desdobramentos após as medidas cautelares impostas pela Polícia Federal (PF), em razão das diligências cumpridas na casa e na sede de seu partido.
Segundo o político, mesmo inelegível, sua candidatura será registrada para a disputa da presidência da República no próximo ano. Jair se esquivou quando questionado se iria apoiar outro candidato e reafirmou que estará na disputa ao Planalto.
Bolsonaro também não poupou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), - que autorizou o cumprimento de ações de busca e apreensão contra o ex-presidente por risco de fuga do país e é relator da ação penal no STF que tem Bolsonaro como réu pela tentativa de golpe. O político acusou o magistrado de impor uma "ditadura" ao Brasil.
Abordagem da Polícia Federal
Bolsonaro contou que foi acordado "com pancadas" na porta de sua casa e que se surpreendeu com a presença dos agentes da PF. Após entrar em sua residência, os policiais passaram a vasculhar os cômodos.
"Não tenho nada comprometedor porque não sou um criminoso. Me surpreendeu que veio uma policial, mulher, e disse que tinha sangrado um dedo e queria ir no banheiro. Apontei o banheiro e ela voltou com um pen-drive. Nem tenho um laptop lá para fazer a devida conexão", contou.
O ex-presidente não afirmou que a agente teria 'plantado' o pen-drive em sua casa, mas disse ter sido uma surpresa o aparecimento do item.
Dólares e reais em casa
Além da memória portátil, também foram apreendidos US$ 14 mil e R$ 7 mil em espécie.
"Todas as vezes que saquei dólar no Banco do Brasil, tinha o recibo. Veio da minha própria conta. Não está declarado, pois seria declarado no imposto de renda do ano que vem. […] Esses dólares saíram da minha conta, tudo com recibo", explicou.
Questionado sobre os motivos que o levaram a guardar dólar em espécie em casa, o ex-presidente disse que as cédulas eram necessárias para "alguma eventualidade". "Possibilidade de uma viagem. [...] Não é crime ter dólar em casa", pontuou.
Bolsonaro ainda ressaltou ter um "bom montante" de dinheiro nas suas contas bancárias e disse ter realizado o saque dos valores ao longo dos últimos meses. "Você não vai fugir com só US$ 14 mil. Estou com passaporte retido há dois anos", pontuou.
Utilização da tornozeleira eletrônica
Durante a entrevista, Bolsonaro ainda se recusou a mostrar a tornozeleira eletrônica - apenas confirmou que o item está preso em sua perna esquerda - e justificou que prefere não publicizar pois é "constrangedor".
"A intenção [de Moraes] é humilhar, é desgastar a imagem. É degradante. Tenho vergonha de falar que estou com tornozeleira. Qual risco ofereço a sociedade? Qual o risco de fuga? Qual indício tenho que poderia fugir e ir a embaixada? Quando fui para os Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022, poderia ter ficado lá até hoje", completou.
Acusações contra Moraes
O ex-presidente ainda não poupou críticas ao ministro do Supremo, acusou o magistrado de impor uma "ditadura" ao Brasil e de impor medidas que "extrapolam a legislação".
"O Brasil, através de Moraes, tem infringido a legislação americana. Ele determina que se prenda uma brasileira, com dupla nacionalidade, por uma 'tuitada' em 2021. Isso é inadmissível de se fazer nos Estados Unidos. São centenas de ordens ilegais, tidas como secretas, para perseguir a direita no Brasil", afirmou.
Eleições presidenciais
Por fim, o presidente de honra do Partido Liberal se esquivou de perguntas sobre um eventual apoio a outro nome de direita nas eleições presidenciais de 2026 - já que Bolsonaro encontra-se inelegível - e reafirmou que será candidato a retornar ao Planalto.
"Por enquanto, eu sou candidato. Sou uma ameaça para eles. Quando aparece uma pesquisa, estou a frente do Lula. Me querem completamente fora do processo político do ano que vem. [...] Eles temem uma volta minha. Está mais difícil porque estou sendo investigado e julgado com parcialidade", concluiu.