Política

“Chifre em cabeça de cavalo”, diz Bolsonaro sobre inquérito do golpe de Estado

25 nov 2024 às 08:16

Ainda falta um militar envolvido na Operação Contragolpe a ser ouvido pela Polícia Federal (PF). É o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, preso preventivamente no comando da Primeira Divisão do Exército, no Rio de Janeiro.


Segundo as autoridades, Bezerra Azevedo participou do plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação da tentativa de assassinato foi chamada de “Punhal Verde Amarelo”.


O depoimento do tenente-coronel deve acontecer no começo da semana. Como ele não foi ouvido ainda, a PF decidiu não o indiciar, diferente do que aconteceu com os outros três militares presos na semana passada. A depender do que for dito, o relatório final encaminhado ao STF pode ser alterado, passando de 37 para 38 o número de indiciados.


Desse total de indiciados, 25 são militares. O Ministério Público do Tribunal De Contas Da União entrou com um pedido para que eles tenham os salários suspensos.


Segundo argumentou o subprocurador-geral Lucas Furtado, o Estado não deve custear a remuneração de indivíduos indiciados por crimes ‘graves’, como organização criminosa e tentativa de golpe de Estado. A solicitação ainda pode alcançar Waldemar Costa Neto, presidente do PL, também indiciado.



Bolsonaro comenta


Neste sábado (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indiciado no inquérito, comentou o caso enquanto cortava o cabelo. O vídeo foi gravado por aliados.


“É uma coisa absurda essa história de golpe. É absurda. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de deus. Quem está coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não fique botando chifre em cabeça de cavalo. Golpe, agora, não se dá mais com tanque. Se dá com táxi. Parece que o sequestro não saiu porque não tinha um táxi na hora. 


“É uma coisa absurda, essa coisa de golpe. É absurda, vai golpe com o general da reserva e quatro oficiais superiores, pelo amor de deus. Quem estava coordenando isso. Cadê a tropa é? Cadê as forças armadas. Poxa, pelo amor de deus, não fique botando chifre em cabeça de cavalo. Golpe, agora, não se dá mais com tanque. Se dá com táxi. Parece que o sequestro não saiu porque não tinha o táxi. É uma piada essa PF criativa do Alexandre de Moraes”, disse Bolsonaro.



Nota de Braga Netto



O general Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa bolsonarista em 2022, divulgou uma nota criticando que chamou de "tese do golpe do golpe", de que os militares trairiam Bolsonaro se o resultado da eleição fosse revertido. A defesa afirma que o investigado sempre buscou por questões legais e constitucionais e que foi um dos poucos que manteve lealdade ao ex-presidente.



Flexibilização para Torres


Nesta manhã, Moraes flexibilizou as medidas restritivas de outro indiciado, Anderson Torres. O ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro foi autorizado a sair de casa durante o período noturno e aos finais de semana, mas somente para ajudar a cuidar da mãe, idosa de 70 anos, que está com câncer.