Política

O que dizem as defesas após pedido de condenação da PGR por trama golpista

15 jul 2025 às 18:58

A PGR pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Os integrantes do núcleo 1 negam as acusações.


O ex-presidente disse hoje que sentiu "vergonha" ao ver os crimes pelos quais a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu sua condenação. "Cinco crimes. Dois crimes são relacionados à depredação de patrimônio. Eu estava nos Estados Unidos, eu não estava aqui. Eu tenho até vergonha de falar, eu tenho vergonha de ver que o PGR botou isso como crime meu", afirmou em entrevista ao site Poder360.


Bolsonaro classificou a acusação como "absolutamente estapafúrdia". Na peça protocolada ontem à noite, a PGR diz que o ex-presidente era "líder da organização criminosa" denunciada no processo. Para o órgão, Bolsonaro era "o principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado democrático de Direito".


Defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier critica alegações finais. Para o advogado Demóstenes Torres, o pedido da PGR para que não sejam concedidos os benefícios ao delator Mauro Cid e sim a diminuição da pena é uma proposta "desleal". "Com ele [tenente-coronel que] foi engambelado até agora com a promessa de se cumprir o pactuado; para com as defesas que se fiaram, em grande parte, nas sucessivas versões de Mauro Cid para combatê-las, e para com o Direito, porque de agora em diante nenhum outro colaborador aparecerá para "delatar o que sabe" diante da insegurança de ter a homologação de seu acordo revista unilateralmente", disse.


Advogado de ex-comandante da Marinha afirma que PGR "misturou uma série de fantasias para tentar cavar sua condenação". "Para piorar a situação, aduzem-se dois novos fatos sem, contudo, "aditar a denúncia", ferindo o princípio da "congruência", o que será objeto de questionamento jurídico oportuno", disse Demóstenes.


"É o fim do sonho daqueles que um dia objetivaram tornar o Ministério Público "defensor da ordem jurídica", como está no texto constitucional, e não reles acusador, tarefa que não se compatibiliza com a mais alta autoridade da instituição federal.", disse Demóstenes Torres, defesa de Almir Ganier.


Os advogados dos ex-ministros Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira não quiseram se pronunciar. O UOL procurou a defesa dos demais réus, mas não teve retorno. Fazem parte do núcleo 1 da ação da trama golpista: os ex-ministros Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Casa Civil), além do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e do tenente-coronel Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.