Apesar das críticas às redes sociais e inclusive das campanhas midiáticas para abrir mão delas, poucos usuários tomam a decisão de apagar suas contas. O Twitter continua com seus 300 milhões de perfis, o Facebook tem mais de dois bilhões, e o Instagram segue crescendo e já passa dos 500 milhões.
1. Você está perdendo sua liberdade. As redes sociais, em especial o Facebook, pretendem guardar registro de todas as nossas ações: o que compartilhamos, o que comentamos, o que curtimos, aonde vamos. “Agora todos somos animais de laboratório”, escreve Lanier, e participamos de uma experiência constante para que os anunciantes nos enviem suas mensagens quando estivermos mais suscetíveis a elas.
Isto também teve consequências políticas: os grupos que distribuem notícias falsas encontraram uma “interface desenhada para ajudar os anunciantes a alcançarem seu público objetivo com mensagens testadas para conseguir sua atenção”. Para o Facebook tanto faz se estes “anunciantes” são empresas que querem vender produtos, partidos políticos ou difusores de notícias falsas. O sistema é o mesmo para todos, e melhora “quando as pessoas estão irritadas, obcecadas e divididas”.
2. Estão lhe deixando infeliz. Lanier cita estudos que mostram que, apesar das possibilidades de conexão que as redes sociais oferecem, na verdade sofremos “uma sensação cada vez maior de isolamento” por motivos tão díspares como “os padrões irracionais de beleza e status, por exemplo, ou a vulnerabilidade aos trolls”.
Os algoritmos, escreve ele, nos colocam em categorias e nos ordenam segundo nossos amigos, seguidores, o número de curtidas ou retuítes, o muito ou pouco que publicamos… “De repente você e outras pessoas fazem parte de um monte de competições das quais não pediu para participar”. São critérios que nos parecem pouco significativos, mas que acabam tendo efeitos na vida real: “Nas notícias que vemos, em quem nos aparece como possível relacionamento amoroso, em que produtos nos oferecem”. Também podem acabar influenciando em futuros trabalhos: muitos dos responsáveis por recursos humanos procuram seus candidatos no Facebook e no Google.
Quanto aos trolls, Lanier adverte que “todos temos um troll dentro de nós”. No contexto das redes sociais, as opiniões se polarizam, e frequentemente as discussões não são oportunidades para dialogar, e sim para ganhar pontos à custa de expor os outros, numa espécie de antidialética da lacração. Lanier nos pergunta a respeito desse comportamento: “Você é tão amável como gostaria de ser?”.