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Para onde vão as espaçonaves quando 'morrem'?

26 jan 2018 às 08:47

Este é o local mais distante da presença humana na Terra. O remoto ponto aquático conhecido como Port Nemo (expressão em latim que quer dizer Porto de Ninguém) é localizado na parte sul do oceano Pacífico, entre a América do Sul e a Nova Zelândia. Conhecido também como “pólo oceânico da inacessibilidade”, funciona como um cemitério global para espaçonaves.

As naves são “enterradas” no local a uma profundidade de 4 km, sem chance de observação para mergulhadores. O cemitério cobre uma área de 17 milhões de km², com destroços de aeronaves espalhados por centenas de quilômetros. A área é fechada para navegação.

Quando estão no espaço, as naves podem estar muito mais próximas deste cemitério do que de qualquer povoamento na Terra. Por exemplo, a Estação Espacial Internacional em órbita está, muitas vezes, a apenas 400 km de Port Nemo, enquanto a “vizinha” Ilha de Páscoa está a 2.600 km.

A primeira espaçonave foi afundada no local em 1971, e desde então o cemitério recebeu mais de 260 veículos espaciais. O maior colaborador é a Rússia, que já enviou 140 naves, incluindo a famosa estação espacial Mir. Veja abaixo uma animação do “enterro” da Mir.

O cemitério também recebeu destroços de cinco espaçonaves da Agência Espacial Europeia, seis naves japonesas HTV e de um foguete SpaceX.

Funerais

O “funeral” de uma espaçonave antiga é completamente controlado para evitar qualquer dano colateral. As naves nunca são enterradas no oceano Pacífico em uma única peça.

O veículo espacial é desorbitado e a trajetória da queda é calculada para atingir a área do cemitério. Espaçonaves pequenas nunca sobrevivem ao entrar novamente na atmosfera terrestre, pois acabam se incendiando. Já veículos maiores se desfazem em pedaços, e os destroços acabam em Port Nemo.

Mesmo assim, às vezes ocorrem incidentes não planejados e potencialmente perigosos. Em 1979, os destroços da estação espacial americana Skylab não alcançaram o alvo e acabaram caindo na parte oeste da Austrália, onde as peças foram expostas em alguns museus locais.

Outro incidente aconteceu com a estação soviética Salyut-7. Em 1991, alguns dos destroços da estação caíram no território da Argentina (todas as seis Salyut predecessoras alcançaram seu destino final com sucesso). Por sorte, ninguém ficou ferido em nenhum dos casos.

Convidado importante

O cemitério espera um “hóspede” especial no futuro próximo. De acordo com o astrônomo David Whitehouse, a Estação Espacial Internacional (ISS) será desativada na próxima década e levada cuidadosamente para o polo de inacessibilidade. A descida da ISS, que tem uma massa de 450 toneladas (quatro vezes o tamanho da Mir), será “uma visão espetacular”, disse Whitehouse.

Infelizmente, outra estação espacial ativa não será aposentada no cemitério como deveria. A Administração Espacial Nacional da China (CNSA) perdeu o contato com a estação espacial Tiangong-1, e o local de impacto pode ficar muito longe do cemitério no sul do Pacífico. Seu local exato de queda será conhecido apenas algumas horas antes de sua entrada na atmosfera.

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