Sábado, duas da tarde, 35 graus. Fátima, como era conhecida no bairro, cumpria a rotina de vender pão para ajudar na renda da casa. De repente uma bala atinge a vendedora e ela tomba sem vida no asfalto rua flor dos Alpes, no parque Ouro Branco, que esse mês completa 50 anos.
Ela foi a terceira vítima fatal de criminosos que na busca por vingança ou acerto de contas com desafetos saíram de motocicleta com um objetivo: matar. A outras vítimas eram Claudio Crispim 37, – alvejado numa praça no Parque das Indústrias, e Victor Hugo Santana dos Santos, 20 anos, o Vitinho que estava na flor dos Alpes também no Ouro Branco.
Um terceiro homem foi baleado, mas escapou com vida. Ninguém foi preso. A série de crimes aterrorizou os moradores que já haviam sido abalados com a escalada da violência na região desde a chacina do Tabacaria em agosto de 2015 que terminou com três mortos e quatro feridos. Chama atenção nessa série odiosa, a ousadia dos criminosos que zombam das autoridades e certamente estão a serviço de organizações que disputam o mercado das drogas e armas matando por pontos de venda de entorpecentes.
A polícia suspeita que a carnificina tenha sido motivada por “uma briga de gangues”, mas dificilmente esses crimes são 100% esclarecidos. Além da pilha de inquéritos na delegacia de homicídios, a polícia sofre com a falta de investigadores e escrivães em todos os setores.
É humanamente impossível cumprir prazos nesse volume de serviço. Em 2017, já foram 85 assassinatos, ante os cerca de 100 em todo ano passado. Isso sem contar os crimes de latrocínio, tentativas de homicídio, violência doméstica, roubos, furtos, estupro sequestro e outros.
E não é só falta de pessoal. Delegacias e os distritos policiais que ainda têm carceragens estão entupidos de presos em condições sub-humanas. Os policiais vivem sob tensão de fugas e rebeliões. Drogas e celulares entram nesses locais como brinquedos e a polícia só apaga incêndios.
A morte de Fatima tem a ver sim com a falta de investimento em segurança pública. E não é neste governo. Requião e Lerner não fizeram investimentos satisfatórios em segurança. Sem presídios e novas cadeias, governos investem em tornozeleiras eletrônicas e audiências de custódia que na maioria das vezes da liberdade a criminosos de altíssima periculosidade deixando a sociedade a mercê da própria sorte.
O ministério público já criticou a inconsistência de muitos inquéritos e deixou de denunciar criminosos por falta de provas consistentes.
A ousadia dos criminosos cresce diante da omissão das autoridades.