As manifestações deste domingo (19) em todo país mostraram facetas de um Brasil dividido seguindo as tendências das eleições de 2018. O presidente Jair Bolsonaro discursou para manifestantes em Brasília numa nítida demonstração de reacender o apoio popular que o levou ao poder.
Sem espaço na mídia, Bolsonaro usa a estratégia de disseminar suas posições pelas redes sociais. Desta vez, o presidente reforçou uma das bandeiras de sua campanha eleitoral: Acabar com a velha política. Aquela do toma lá da cá. E desta vez os bois têm nome: O presidente da câmara dos deputados, Rodrigo Maia e o presidente do senado David Alcolumbre, ambos do DEM, partido a que pertence o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
A velha política se expressa no modelo fisiologista pautado na governabilidade. O chefe do executivo distribui ministérios, cargos bem remunerados em companhias públicas, assessorias e dinheiro público a partidos políticos que apoiam seus projetos.
Foi assim com FHC, Lula, Dilma e Temer. Bolsonaro resiste em liberar essas benesses. E está sofrendo retaliações no legislativo, setores do Judiciário e parte da mídia. A estratégia do presidente é conclamar o brasileiro para pedir #foraMaia #foraalcolumbre.
Nas ruas tal movimento já não tem tanta força quanto antes. A adesão ao chamado de Bolsonaro foi maior em centros, onde a população está insatisfeita com seus governantes pela política de combate ao novo coronavírus.
Bolsonaro também perdeu simpatizantes por ter feito um enfrentamento a COVID-19 em rota de colisão com o próprio Ministério da Saúde. O presidente foi influenciado por conselheiros como o médico ex-ministro da Cidadania Osmar Terra que defende o isolamento vertical – que prevê confinamento apenas de idosos e grupos de risco.
Nessa linha o presidente minimizou os impactos da doença com passeios onde ignorou regras básicas de prevenção como distanciamento, uso de máscara e, não promover aglomerações. Com tal divisão, preocupa ver nas ruas cidadãos defendendo medidas como AI-5 e intervenção militar. Paradoxalmente, O capitão, que sempre foi tachado pela esquerda de fascista, tem sido um defensor do direito de ir e vir e liberdade de expressão.
Quem vencerá essa queda de braço? O presidente – abandonado até pelo partido que o elegeu- ou a velha política.