Quem está na rua já percebeu que os oportunistas que estão surfando na onda da greve dos caminhoneiros. Eles aparecem de todos os lados se infiltram mas sua identificação é preservada. Afinal nenhum jornalista vai pedir RG a falsos manifestantes sob pena de ser hostilizado. Há aqueles que estavam enfraquecidos pelas seguidas derrotas em batalhas políticas e decidiram entrar de vez na carona para estimular a população aos caos.
Para eles não basta mais o desabastecimento e o transtorno a todos os setores por conta da falta de combustíveis. Essa gente quer mais. Naturalmente que irão atribuir eventual tragédia ao presidente da república – que em última instancia seria responsável por isso.
O time do “quanto pior melhor” não quer apenas desestabilizar o governo. Sua ação está fazendo brotar em muita gente o sentimento já visto na cassação da ex-presidente Dilma Roussef e talvez o mais perigosos desta greve: o crescimento da bola de neve pela intervenção militar. Naturalmente que não há espaço pra isso, mas os simpáticos a esse retrocesso estão perfilados com um pré-candidato.
O cenário não poderia ser melhor: cirurgias canceladas em hospitais, escolas vazias, filas em postos de combustíveis, gôndolas de supermercados vazias, preços nas alturas e o pior. Um povo alienado achando que o que está apoiando é uma greve de caminhoneiros. Pobres ingênuos.
O momento de euforia já passou. O movimento dos caminhoneiros tornou-se uma espécie de histeria coletiva que levou multidões as ruas numa via sacra de olhos vendados.
A greve já entrou para a história. Agora o momento é de responsabilidade e cautela. A paralisação pode não ter conseguido o valor final sonhado, mas fez o governo se curvar diante de um gigante que estava adormecido.
Todo movimento paredista tem início, ápice e fim. O ápice foi ontem. E o fim precisa ser amanhã. É feita uma avaliação das perdas e danos. Uma espécie de balanço e daí as conclusões. Os líderes legítimos dessa mobilização – que são os brasileiros – já são vitoriosos nessa batalha contra os altíssimos impostos, corrupção e mazelas da classe política. Agora é momento do balanço.
Importante que a opinião pública entenda a diferença entre a causa do problema e a consequência. A causa está nas ações de uma classe política desacreditada, egoísta, corrupta e incompetente. Um clã que arrecada privilégios e distribui as demandas. Um setor que produz pouco e gasta muito sendo o mais puro exemplo de ineficiência.