Cada gestão que passa parece mais difícil para um prefeito montar a equipe do primeiro escalão. Muitos profissionais que se destacam em sua atividade na iniciativa privada recusa o convite dos políticos por motivos básicos.
Primeiro porque os salários são relativamente baixos. E segundo, porque não querem colocar seu patrimônio em risco. Uma decisão errada pode representar a perda de tudo aquilo que foi amealhado durante toda vida.
Sem contar no desgaste em cair nas garras dos órgãos de controle externo ou mesmo ir em cana.
Muitos no entanto, entram na vida pública esfregando as mãos. Só esperando a primeira licitação para dar o bote. Quem não se lembra do escândalo AMA/Comurb. Os promotores colocaram atrás das grades muitos homens que até então eram ‘respeitados’ no meio em que trabalhavam mas aceitaram ir para a administração com aval de deputados e outros políticos.
Isso também pode ser constatado na lava jato. Quem imaginava ver um empresário do nível de Marcelo Odebrecht na cadeia?
Por essas e outras, a saída para os gestores públicos acaba sendo o servidor público de carreira. Com conhecimento da legislação, os servidores são capacitados e conhecem o funcionamento da máquina. Ajudam muito os prefeitos que não têm experiência na vida pública e o livram de enrascadas.
Nedson MIcheleti por exemplo assumiu pós escândalo Beligate e pegou a prefeitura quebrada, endividada e sem perspectivas. Convidou grandes nomes do direito, administração, saúde, educação e engenharia, mas pouco aceitaram a missão.
Barbosa Neto também tentou compor um primeiro escalão ouvindo entidades e buscando indicações, porém também teve que recorrer a servidores de carreira.
Marcelo Belinati até que tentou trazer da iniciativa privada nomes bem sucedidos. Mas quando tomam assento percebem que não é bem assim. O empresário Luiz Carlos Adati não suportou um ano na Sercomtel. Moacir Sgarioni resiste bravamente na CMTU, mas já confidenciou a amigos que a barra é pesada e chegou a pensar em desistir.
Esta semana Marcelo perdeu a secretária de recursos humanos que saiu alegando motivos pessoais e trouxe uma ex-servidora para ocupar o cargo. Um exemplo clássico é o servidor público Edson Antonio de Souza que foi secretário de saúde na gestão de Barbosa e é o atual secretário de fazenda e planejamento de Marcelo Belinati. Homem de confiança e que conhece como poucos as finanças do município. Foi peça fundamental na atualização da planta de valores.
O fato é simples. Muitos desses profissionais vão para a administração pública cheios de boas intenções, mas suas idéias esbarram na burocracia e pareceres contrários e cara feia. Quase nada pode.
Um paradoxo se levarmos em conta o tanto que se saqueia dos cofres públicos.
A atual gestão também surfa na onda da “flexibilização” das leis para tornar as coisas mais ágeis na prefeitura. Está convocando o empresariado local para abocanhar maior parte dos recursos orçamentários destinados a compras e obras. Mas muitos ainda olham de lado. Com medo de parar no GAECO.
Solução para tal impasse seria uma revisão total da legislação. Melhorar os salários de secretários para não dar margem a esquemas e maracutaias. Simplesmente seguir os princípios constitucionais da administração pública como: legalidade, moralidade, eficiência, e publicidade.