Em 1997, ex-governador Jaime Lerner -que faleceu no final de maio-foi alvo de inúmeros protestos de sindicatos, associações que representam o funcionalismo público e esquerdistas por extinguir o IPE- Instituto de Previdência do Estado. Este órgão era responsável pelo sistema de aposentadoria e pensão do funcionalismo.
O então secretário de Planejamento Miguel Salomão foi um dos coordenadores do processo que extinguiria o IPE e criaria um sistema mais moderno para suportar a aposentadoria dos servidores estaduais por pelo menos 30 anos. O IPE era deficitário e estava com os dias contados. Mas para muitos não interessava a quebradeira das contas públicas, mas sim a manutenção de privilégios que subsistiam graças a participação polpuda do contribuinte paranaense via tesouro estadual mais a contribuição dos próprios funcionários públicos.
Foram inúmeros protestos, mobilizações, manifestos no Palácio e na Assembleia. Como repórter, acompanhei vigílias de sindicalistas em frente às casas de deputados governistas da época, que muitas vezes, tinham que sair escoltados por seguranças para não serem hostilizados. A alegação é que o novo regime iria “cobrar mais” dos servidores que também perderiam vantagens atribuídas ao antigo Instituto.
Mais uma vez a história provou que os protestos tinham caráter político, corporativo e não visavam o futuro saudável de um regime de previdência que pudesse honrar seus compromissos.
E olha só como o mundo dá voltas. Na gestão do ex-governador Beto Richa, lá estavam as mesmas entidades defendendo o que criticavam de um possível ataque aos cofres da Paraná Previdência.
E esta semana a cena se repetiu. Houve manifestações contra o projeto do governador Carlos Massa Ratinho Jr que prevê a redução de aportes do Estado do Fundo de Aposentadoria do funcionalismo. O Palácio Iguaçu alega que se trata de um “ajuste’ à Emenda Constitucional da reforma da Previdência no País.
Cabe a pergunta: Qual dos protestos era legítimo e fundamentado em critérios técnicos. Contra Lerner, Richa ou Ratinho Jr?