O frio intenso que atingiu boa parte do Brasil, mas principalmente os estados da região Sul, elevaram a possibilidade de ocorrência da geada negra, um fenômeno climático que devasta lavouras e qualquer tipo de planta atingida. O alerta foi emitido na última segunda-feira (23) pelo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Estado (Simepar). Entenda o que é a geada negra.
Diferente da geada tradicional, que cobre a paisagem no amanhecer com cristais visíveis de gelo, a geada negra age de maneira invisível, mas com efeitos devastadores para a vegetação. Ela ocorre quando massas de ar extremamente frias e secas avançam sobre uma região, fazendo a temperatura despencar rapidamente para valores negativos. É uma mudança tão brusca e rápida que não que nem sequer dá tempo do orvalho e do gelo se formarem na superfície das plantas. No entanto, a condição congela a seiva das plantas.
Leonardo Furlan, meteorologista do Simepar explica: “Esse fenômeno é caracterizado pelo congelamento da seiva das plantas – ou seja, um congelamento interno – associado ao frio intenso, ventos de moderada a forte intensidade e baixa umidade do ar. Isso dá às plantas um aspecto escurecido, como se estivessem necrosadas, podendo causar a morte das culturas”.
Geada negra mudou a história da agricultura brasileira
Em 18 de julho de 1975, no Paraná, uma geada negra atingiu os cafezais paranaenses e marcou o fim do ciclo do café na região. As lavouras de café eram um dos elos mais fortes da economia para o estado e, do dia para a noite, tudo estava destruído. Milhares de pés de cafés ficaram queimados por causa da geada negra.
Londrina, na região norte do Paraná, era até então conhecida como ‘a capital mundial da cafeicultura’. Após a geada, endividados e desempregados, os agricultores paranaenses migraram para a outras regiões do Brasil em busca de outras terras para plantar. Foi esse movimento que incentivou os migrantes a apostarem no plantio de soja e milho nas regiões centro-oeste e nordeste, como o Oeste da Bahia. Segundo o governo do estado do Paraná, cerca de 2,6 milhões de produtores rurais migraram para outras regiões do Brasil.