Mesmo em ano de bienalidade negativa, quando as plantas produzem menos para ‘poupar energia’, a produção de café deve apresentar um crescimento de 2,7% na safra 2025 frente ao volume colhido na temporada passada, e pode chegar a 55,7 milhões de sacas. A estimativa foi divulgada nesta terça-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com o aumento da oferta, o preço do café pode cair no próximo ano.
De acordo com o levantamento da Conab, a área destinada à cafeicultura neste ano registra um aumento de 0,8%, com 2,25 milhões de hectares, mas a área em produção apresenta uma queda de 1,4%, e foi estimada em 1,86 milhão de hectares, enquanto as áreas em formação devem ter um incremento de 12,3%.
A estimativa mais positiva - até o início deste ano, a preocupação do setor era de que a produção de café pudesse cair mais o decorrer do ano, devido às condições climáticas - agora está sendo influenciada pela melhora das produtividades nas lavouras de café conilon, 28,3% acima das médias registradas na última safra. Para estas variedades de café (que compõem os cafés solúveis), a produção é estimada em 18,7 milhõse de sacas, o que seria um novo recorde para o Brasil. E foi justamente as condições climáticas que beneficiaram as floradas positivas e a boa qualidade de frutos.
Segundo os técnicos da Conab, apenas no Espírito Santo, que é o maior produtor de café conilon do Brasil, a produçaõ é estimada em 13,1 milhões de sacas, crescimento justificado pelas chuvas verificadas no norte do estado, região que corresponde a 69% da área da espécie no país. Na Bahia, a Conab também espera uma recuperação na colheita de conilon de 28,2%, estimada em 2,5 milhões de sacas. Com este volume, a Bahia recupera a posição de 2º maior produtor da espécie, ultrapassando Rondônia onde a expectativa é de uma colheita de 2,28 milhões de sacas.
Para o café arábica, espécie mais afetada pela bienalidade, a Conab prevê uma redução de 6,6% na colheita, com previsão de uma safra em torno de 37 milhões de sacas. Em Minas Gerais, estado com maior área destinada para a produção de arábica, é esperada uma colheita de 25,65 milhões de sacas. De acordo com o levantamento, além do reflexo já esperado pelo ciclo de bienalidade da planta, entre abril e setembro do ano passado foi registrado um longo período seco e as lavouras enfrentaram instabilidade, apresentando menor vigor vegetativo, influenciando na queda de potencial produtivo dos cafezais.
Em São Paulo, a produtividade média também foi impactada pelos efeitos fisiológicos de baixa bienalidade, acompanhados pelas condições climáticas adversas registradas nas regiões produtoras. Com isso é esperada uma queda de 3,8% no desempenho das lavouras. Por outro lado, a área destinada para a produção cresceu em 5,3%, chegando a 196 mil hectares, o que compensa a perda esperada nas produtividades resultando em um aumento na produção de 1,3%, estimada em 5,5 milhões de sacas.
Mercado – Após o recorde de exportação de café em 2024, quando o Brasil exportou 50,5 milhões de sacas de 60 quilos, os embarques para o exterior apresentaram uma ligeira redução no primeiro trimestre de 2025. No acumulado de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou 11,7 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa uma baixa de 1% na comparação com igual período do ano anterior, segundo dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Essa redução na exportação em volume já era esperada devido à restrição dos estoques internos nos meses iniciais de 2025, influenciados pela limitação da produção nos últimos anos e exportação elevada no ano anterior.
Mesmo com a queda no volume comercializado, o valor com as vendas internacionais apresentou aumento no primeiro trimestre de 2025, movimento favorecido pelo cenário de alta dos preços do café neste início de ano. No acumulado de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou US$ 4,1 bilhões, o que representa um aumento de 68,9% na comparação com igual período de 2024.
As cotações do produto no mercado internacional devem continuar pressionadas ao longo do ano, mesmo com a expectativa de aumento na produção mundial pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), visto que os estoques do grão seguem em níveis baixos possibilitando preços em patamares mais elevados.