Uma sequência de ataques envolvendo cães da raça pitbull voltou a assustar moradores de Londrina e cidades vizinhas nas últimas semanas. Os episódios, marcados por extrema violência, reacenderam o debate sobre a responsabilidade dos proprietários e o cumprimento das normas de segurança para cães de grande porte.
A força física e o porte avançado da raça têm causado tragédias quando os animais estão soltos ou sem equipamentos de proteção. Em Cambé, um homem de 54 anos sofreu ferimentos gravíssimos, perdendo a visão de um olho e parte da orelha, após ser atacado por dois Pitbulls que circulavam livremente pela rua.
Na Gleba Palhano, em Londrina, um cão de pequeno porte foi alvo de um ataque e só sobreviveu porque um homem que passava pelo local conseguiu imobilizar o Pitbull, agarrando-o pelo pescoço, evitando uma tragédia ainda maior.
Em Ibiporã, a cadelinha Laila não teve a mesma sorte. Ela foi atacada por um Pitbull através da grade do portão de sua própria casa. Segundo a tutora, a gastrônoma Josicléa Fernandes, o dono do animal o retirou do local, mas fugiu sem prestar socorro. “Hoje foi a minha cachorra, amanhã pode ser uma criança. A responsabilidade é do dono”, desabafa.
Apesar do medo que a raça impõe, proprietários e especialistas concordam que o comportamento agressivo não é uma regra da natureza do animal, mas sim um reflexo da criação. Paulo Rodrigo Oliveira, dono de uma Pitbull dócil chamada Yara, destaca que o uso de focinheira e guias adequadas é obrigatório e essencial para passeios na rua.
O adestrador comportamental Marcelo Cardoso reforça que ataques nunca acontecem “do nada”. Segundo ele, o cão sempre demonstra sinais de desconforto ou agressividade antes de agir. “O cachorro avisa: ele rosna, demonstra desconforto. Quando esses sinais são ignorados, o comportamento escala. Se o animal sai de casa e ataca alguém, isso é 100% negligência do dono”, afirma o especialista.
As autoridades lembram que manter animais de grande porte soltos em via pública ou circular com eles sem equipamentos de segurança, como focinheira e coleira curta, pode acarretar sanções administrativas e criminais para os proprietários. A recomendação para quem presenciar animais soltos oferecendo risco é acionar a Polícia Militar ou o órgão de bem-estar animal do município.