Esportes

O tão aguardado e inédito ‘Clássico do Veneno’

30 mar 2019 às 09:03

Uma celeuma se formou na semana que antecedeu o confronto histórico entre Futebol Clube Cascavel (FCC) e Cascavel Clube Recreativo (CC). O duelo inédito que acontece neste domingo (31), pela última rodada do Campeonato Paranaense de 2019, deveria ser chamado de ‘Derby’ ou de ‘Clássico’. Quem defende a ideia de Derby tem bons argumentos. O dicionário nos explica que derby se trata de um confronto entre equipes de uma mesma cidade ou comunidade. Nesse caso, o confronto entre FCC e CCR se trata mesmo de um derby.

Mas quem defende a ideia de ‘Clássico’, mesmo que o confronto nunca tenha acontecido, optou pela opinião das torcidas. É curioso, mas desde que o CCR conquistou o acesso matemático para a primeira divisão, no ano passado, o ‘Clássico do Veneno’ já eclodiu no sentimento dos torcedores. Ou seja, se trata de um ‘clássico platônico’. Platão explicaria isso de forma catedrática. Afinal de contas, quando o CCR conseguiu o retorno para a primeira divisão estadual, que já contemplava a presença do FCC, o clássico entre as duas equipes de Cascavel passou a existir. Existe no mundo da ideias, segundo Platão, e vai se materializar quando os jogadores que representam os dois times entrarem no gramado do Estádio Olímpico e se confrontarem para um embate futebolístico a partir do apito do árbitro, programado para as 16 horas deste 31 de março de 2019, o dia do primeiro oficial dos dois times de Cascavel. Este é, de fato, o primeiro clássico e ele já existia no coração dos torcedores dos dois times.

O duelo já ocorreu nas categorias de base

Nas categorias de base, o duelo entre FCC e CCR já ocorreu em competições estaduais. O destino preferiu reservar este tão desejado encontro no futebol profissional para a primeira divisão do Campeonato Paranaense. Os dois times poderiam ter se cruzado no passado, num jogo oficial, em outra divisão do Estadual. Por pouco o confronto não ocorreu na segundona de 2012. Isso porque o CCR, que vinha de cinco participações seguidas na elite estadual, caiu em 2011 e teve que disputar o torneio. Só que o FCC, que havia disputado a segunda divisão nos dois anos anteriores, se licenciou da competição.

O FCC voltaria para disputar a terceira divisão em 2013. O clube se reformulou e adotou as cores atuais, passou a ser a Serpente Aurinegra. Enquanto isso, os problemas estruturais do CCR, que o levaram à queda para a terceira divisão, o afastaram do torneio naquele ano. O FCC foi campeão da terceirona, depois foi campeão da segunda divisão em 2014 e a partir do momento que ingressou na primeira divisão estadual em 2015 permaneceu na elite.

O CCR também teve que fazer essa escalada. O time foi campeão da terceira divisão em 2015. E depois de três tentativas na segundona conseguiu o tão esperado acesso e retornou para a primeira divisão. O melhor de tudo é que ambas – Serpente Aurinegra e Serpente Tricolor – permaneceram na primeira divisão para 2020. Isso significa que o jogo deste domingo é o primeiro mas não será o último. Seja um derby ou seja um clássico, a rivalidade, que ainda vai se materializar dentro de campo, está apenas em sua gênese. Mas já faz fervilhar as paixões nas cores amarela e preta, do FCC, e azul, vermelha e branca, do CCR.

Vaga na Série D

Os torcedores mais jovens talvez nem saibam. Mas Cascavel já teve um time numa competição nacional de futebol. O Cascavel Esporte Clube disputou a Série C do Campeonato Brasileiro em 1996. Naquela época ainda não existia a Série D, a quarta divisão nacional. O Cascavel jogou este mesmo torneio um ano antes. E em 1982 também jogou a Taça de Prata, competição que era equivalente à Série B de hoje. Mas voltamos ao torneio de 1996. Afinal, esta foi a última aparição de um representante da Capital do Oeste numa competição nacional. O time foi o 20º colocado no torneio que teve a presença de 58 times. O curioso é que o Cascavel Esporte Clube é um dos progenitores do atual Cascavel Clube Recreativo (CCR). E o Futebol Clube Cascavel (FCC) optou por usar as cores amarelo e preto, que eram da antiga Serpente, a partir de 2013.

Hoje, os dois times, FCC e CCR, cada qual com sua herança, fazem um inédito confronto no futebol profissional. As duas equipes vão se enfrentar às 16 horas, no Estádio Olímpico Regional, em jogo válido pela última rodada da Taça Dirceu Krüger, o segundo turno do Campeonato Paranaense. O jogo também será um confronto direto por uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. Ou seja, o ‘Clássico do Veneno’ pode abrir portas para o retorno de um time cascavelense no cenário nacional.

Paulo Foiani, técnico do FCC 

Serpente Aurinegra

O FCC, mandante do jogo, está mais perto desse objetivo. Com 14 pontos na classificação geral, o time só depende de si para conquistar uma vaga. Se vencer o rival, irá disputar a quarta divisão em 2020. É por isso que o ‘Clássico do Veneno’ é tratado como o ‘jogo da vida’. Paulo Foiani, técnico do FCC, reconhece que o time caiu de produção no segundo turno, tanto é que as três derrotas seguidas minaram as chances de classificação para as semifinais da Taça Dirceu Krüger. Mas a boa campanha no primeiro turno deixou a Serpente Aurinegra a um passo da Série D. “Agora é um clássico em que as chances são iguais. Espero conquistar a vaga na Série D, que é o maior objetivo traçado pelo clube desde quando eu cheguei aqui”, disse Foiani.

Allan Aal, técnico do CCR 

Serpente Tricolor

O CCR também tem chances de conquistar uma vaga na Série D. Além de vencer o rival, terá que torcer por um tropeço de outro concorrente, o Cianorte. Mas a Serpente Tricolor tem possibilidades de alcançar uma vaga nas semifinais da Taça Dirceu Krüger. O técnico Allan Aal entende o peso da partida. Porém, preferiu transferir a responsabilidade para o adversário. “É um jogo que vale três pontos como qualquer outro. Vamos enfrentar uma equipe que vinha como favorita no campeonato, e ainda é, pela estrutura, pelo investimento e pelo que vinha fazendo nos últimos anos. Mas vamos como ‘patinho feio’ da história, mas com o desejo de fazer o nosso melhor”, disse.

FICHA TÉCNICA

FCC X CCR

Estádio Olímpico Regional, em Cascavel, às 16 horas

Prováveis formações

FCC

Giba (Fernando), João Carlos, Ítalo, Nilson Jr. E William Simões, Duda, Welton e Bartholo; Oberdan, Libano (Tocantins) e Bruno Lopes

Técnico: Paulo Foiani

CCR

Marcos Paulo; Everaldo, Castro, Vitor e Taira, Hildo, Gomes, Djair e Elenilson; Taylan (Sassá) e Pedro Igor (Rafael Castro)

Técnico: Allan Aal

Técnico: Fábio Filipus

Outros jogos

Tubarão x Furacão

Os dois primeiros colocados no Grupo A da Taça Dirceu Krüger vão medir forças neste domingo (31). O Athetico-PR visita o Londrina, às 16 horas, no Estádio do Café, na última rodada. O Furacão conquistou quatro vitórias consecutivas e garantiu a classificação antecipada para as semifinais do segundo turno em primeiro lugar. Essa campanha deve render ao Athletico o direito de fazer o jogo de volta da grande decisão em casa, caso seja campeão da Taça Dirceu Krüger. O Londrina ainda busca a classificação para a próxima fase. Em segundo lugar na chave com oito pontos, o Tubarão avança se vencer o jogo de hoje. Um empate pode servir desde que o Operário não derrota o Foz.

Coxa x Paraná

Coritiba e Paraná Clube têm feito campanhas irregulares neste Campeonato Paranaense. E só um deles seguirá vivo no Estadual depois do clássico deste domingo (31). Os dois times se enfrentam às 16 horas, no Estádio do Pinhão. O Coxa lidera o embolado Grupo B com sete pontos e se vencer segue para as semifinais da Taça Dirceu Krüger. Pode até se classificar com um empate, dependendo dos resultados dos outros jogos. O Paraná aparece em terceiro lugar nessa chave com seis pontos e uma vitória pode render a classificação mesmo que os concorrentes que têm a mesma pontuação também vençam na rodada. O detalhe é que se vencer o clássico, a Gralha Tricolor elimina o Coxa.

Azulão x Fantasma

O Operário de Ponta Grossa enfrenta o rebaixado Foz do Iguaçu neste domingo (31), às 16 horas, no Estádio do ABC, pela última rodada da Taça Dirceu Krüger. Para chegar nas semifinais do segundo turno, o Fantasma precisa vencer o Azulão e torcer para o Londrina não superar o Athletico. O Operário aparece em terceiro lugar no Grupo A com sete pontos.

Dogão x Porco – Leão x Leão

Ainda pelo mesmo grupo, Maringá e Toledo vão se enfrentar no Estádio Willie Davids. O Porco venceu o primeiro turno e já tem vaga garantida na decisão do Estadual. Já o Dogão vive uma situação dramática. Além da vitória de goleada, precisa torcer pela derrota do Leão da Estradinha para o Cianorte, em Paranaguá. Esse jogo por sinal, que é do Grupo B, vale vaga nas semifinais do segundo turno. Se vencer o Branco segue na competição.


Grupo A

Time

P

J

V

E

D

GP

GC

S

1 Athletico-PR

12

4

4

0

0

17

3

14

2 Londrina

8

4

2

2

0

6

4

2

3 Operário

7

4

2

1

1

5

5

0

4 Foz do Iguaçu

4

4

1

1

2

2

3

-1

5 Toledo

2

4

0

2

2

5

12

-7

6 Maringá

0

4

0

0

4

1

9

-8

Grupo B

Time

P

J

V

E

D

GP

GC

S

1 Coritiba

7

4

2

1

1

7

2

5

2 Rio Branco

7

4

2

1

1

3

2

1

3 Paraná

6

4

2

0

2

7

5

2

4 Cascavel CR

6

4

2

0

2

3

5

-2

5 Cianorte

6

4

2

0

2

3

7

-4

6 FC Cascavel

3

4

1

0

3

3

5

-2

Classificação geral

Time

P

J

V

E

D

GP

GC

S

1 Athletico-PR

20

10

6

2

2

22

7

15

2 Coritiba

17

10

4

5

1

16

6

10

3 Londrina

16

10

4

4

2

13

10

3

4 Operário

16

10

4

4

2

11

9

2

5 Paraná

15

10

4

3

3

14

8

6

6 FC Cascavel

14

10

4

2

4

10

8

2

7 Cianorte

13

10

3

4

3

4

8

-4

8 Cascavel CR

12

10

4

0

6

8

14

-6

9 Rio Branco

12

10

3

3

4

9

12

-3

10 Toledo

12

10

2

6

2

11

15

-4

11 Maringá

9

10

2

3

5

7

14

-7

12 Foz do Iguaçu

5

10

1

2

7

2

16

-14