Agro

Chuva e frio podem deixar o café mais caro

11 jun 2025 às 22:45

O café, que já está caro desde o ano passado por causa da estiagem e calor intenso, agora pode ter novas altas de preços devido ao frio e às chuvas que atingem as regiões produtoras de café arábica, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Isso porque o frio intenso pode desacelerar o ritmo de maturação dos grãos, o que provoca queda de produtividade, e a chuva atípica para esta época do ano, está atrapalhando a colheita. As informações são do Centro de Estudos de Economia Aplicada (Cepea/Usp). 


De acordo com o órgão, que realiza pesquisas de campo para avaliar as lavouras, ainda não há comprometimento dos grãos para a safra 2025/2026, mas a possibilidade de geadas preocupa os produtores. Em nota, o Cepea informou que “a colheita da atual safra contrasta bastante com a da mesma época da safra anterior, quando o calor adiantava a maturação dos grãos e antecipava os trabalhos no campo”. 


O levantamento do Cepea mostra que, nos primeiros dias de junho, a colheita de café no Sul de Minas Gerais se aproximava dos 20% da produção esperada, enquanto na região noroeste do Paraná, as atividades somavam entre 25% e 30%; e, na Alta Mogiana Paulista e no Cerrado Mineiro, totalizam de 7% a 10%. 


Café robusta pode ter alta imediata


O café robusta (solúvel), que vinha registrando quedas de preços nos últimos meses devido ao avanço da colheita e boas produtividades, também voltou a subir devido ao frio e possibilidade de geadas nos próximos dias. “Embora as previsões atuais não indiquem riscos de geada, a m', explica Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Market.


Segundo Moda, o mercado também ficou tecnicamente sobrevendido, levando à alta de preços deste o dia 1º de junho. Os preços do café arábica subiram 4,9%, ou US$ 361,55 por libra-peso (unidade padrão para negociar e cotar o preço do café em bolsas de mercadorias). “O inverno no Brasil tende a trazer mais volatilidade ao mercado, então podemos ver mais altos e baixos nos próximos meses”, diz.


De acordo com análises da consultoria, as preocupações se concentram principalmente no curto prazo, conforme destacado pelo aumento nos spreads (termo que indica representa a diferença entre o preço de compra e o preço de venda). Apesar disso, a consultora acredita que, no médio prazo, os preços devem cair, já que a colheita do café robusta avança no Brasil e também, na Indonésia, aumentando a oferta do grão no mercado. 


Como o café é uma commodity, o seu preço é definido internacionalmente e, por isso, a produção em outros países interfere no preço final do produto. Na Indonésia, o clima está favorável para a produção de café desde o fim de 2023 e, desde o ano passado, produtores locais estão mais capitalizados devido ao aumento dos preços do robusta. “Eles investiram em novas áreas e nos tratos culturais das lavouras (com uso de insumos). Isso nos levou a aumentar as estimativas para o ciclo 25/26 para 11,8 milhões de sacas, um aumento de 5% em relação ao ciclo 24/25”, explica.