O Plano Safra, crédito destinado ao financiamento da produção agrícola 2025/2026 deve ser anunciado até o fim deste mês pelo Governo Federal. Nesta semana, o Agro Band mostra uma série de reportagens que apontam quanto custa produzir alimentos no Brasil. Existe um ditado popular [sobre o Brasil] que diz “aqui, em se plantando, tudo dá”, mas não é bem assim. Com uma vasta área e diferentes tipos de solo, é preciso investir muito em adaptações, técnicas de manejo e fertilização, solos, meio ambiente e políticas públicas.
O Plano Safra traz tudo isso, é um programa que surgiu em 2003, no primeiro mandato do presidente Lula. O pacote, resumidamente, serve para estimular os investimentos em agricultura com o financiamento do governo, sobretudo com juros mais acessíveis para custear as operações, inovações e comercialização, principalmente para pequenos e médios produtores. “O Plano Safra já exisita, porém [em 20023] criamos um plano safra mais consistente em decorrência da demanda que existia na época”, diz Roberto Rodrigues, ministro da agricultura que liderou essa renovação do Plano Safra em 2003.
Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, explica: “[O Plano Safra] direciona linhas de investimentos para aquilo que o agro precisa, com práticas sustentáveis, armazenagem, e o governo também sinaliza aos produtores o que precisa ser feito e, de certa forma, o Plano Safra, baliza o restante do mercado”, diz.
O financiamento do governo federal é fundamental para produtores que desejam ampliar ou modernizar seus negócios rurais, mas alguns agricultores afirmam que, para algumas linhas, como a que prioriza a compra de máquinas e implementos agrícolas, os juros praticados ainda são muito altos. “Não é um dinheiro dado, nós realmente pagamos o dinheiro que pegamos, com juros”, lembra Luciano Van Vught, presidente do Sindicato Rural de Não-me Toque (RS).
Quanto custa produzir comida no Brasil?
O financiamento obtido pelos produtores via Plano Safra é um empréstimo de parte do necessário para produzir. Outros bancos, associações, cooperativas também podem complementar o investimento necessário. Para produzir a safra brasileira, o cálculo é de R$ 1,2 trilhão. No último Plano Safra, o montante de crédito oferecido - entre os recursos público e privados - somaram R$ 400 bilhões - em torno de 25% do total necessário. O Tesouro Nacional entrou com R$ 13 bilhões para o financiamento das linhas - 1% de tudo o que se movimenta no plantio.
No mundo inteiro, os agricultore dependem de crédito para produzir alimentos, mas nem todos os países possuem políticas públicas de financiamento agrícola, como o Plano Safra. Os correspondentes internacionais da Band mostram como isso funciona em cada país:
Argentina
Na Argentina, não existe ‘nada parecido’ com o Plano Safra do Brasil. Por lá, o produtor rural que almeja obter crédito busca o financiamento com as empresas de insumos e, normalmente, o pagamento do crédito é realizado com grãos, uma operação chamada barter. A estimativa é que, 70% dos créditos concedidos para o setor do agronegócio na Argentina é feito desta forma. Os outros 30% são originados em bancos e empresas do setor financeiro. Também não existem compensações para épocas de perdas climáticas como as secas extremas ou enchentes.
Estados Unidos
Os Estados Unidos mantém amplos programas de incentivos ao setor agrícola há décadas. No fim de 2024, o Congresso Americano aprovou um novo auxílio emergencial, de US$ 10 bilhões para aliviar os impactos dos altos custos de produção e os baixos valores das commodities no mercado. Por lá, cada produtor rural pode receber até US$ 250 mil.
Na reportagem desta quarta-feira (4), o AgroBand mostra como funciona o Plano Safra brasileiro, o perfil de produtores que podem acessar este crédito e qual o caminho mais indicado para obter o financiamento.