O caso confirmado de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) no Brasil gerou a suspensão das importações de frango por alguns países – 24 países deixaram de comprar produtos avícolas brasileiros e outros 18 países, suspenderam as importações de produtos do Rio Grande do Sul, onde ocorreu o foco. Apesar disso, a queda nas exportações de carne de frango, em maio, foi de 12,9%. Apesar da queda, apenas os frigoríficos que pagaram mais barato pelo frango, em torno de 10%. Para o cosumidor final, os preços se mantém estáveis.
As razões para isso são a imediata adequação dos criadores à expectativa de queda nas exportações, alta de custos de produção, com a inserção de novas regras e adequações das granjas para evitar novos focos, e a especulação de mercado por conta dos frigoríficos, que após o dia 16 de maio, já começaram a pagar menos para o criador. Economistas explicam que, por isso, para o consumidor, não houve nenhuma mudança significtiva nos preços.
Exportações de carne de frango
O volume total de exportações de carne de frango neste mês foi de 393,4 mil toneladas, mas de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em maio do ano passado, o Brasil havia exportado quase o volume de agora, 451,6 mil toneladas. “Mesmo com as suspensões aplicadas pelos cerca de 20 mercados, incluindo alguns dos principais destinos das exportações de carne de frango, os embarques se mantiveram próximos das 400 mil toneladas”, diz o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Segundo ele, o impacto foi proporcionalmente menor em relação à relevância no histórico de importações dos países com suspensões aplicadas. “Esse é um indicativo de que o redirecionamento de cargas está ocorrendo como forma de manter o fluxo dos embarques no mercado internacional”. Nos cinco meses de 2025, o Brasil exportou 2,256 milhões de toneladas de carne de frango, número que representa um crescimento de 4,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Destinos do frango nacional
Apesar de ter restringido as compras, a China ainda aparece como o principal mercado comprador de frangos do Brasil. Em maio, o país asiático demandou 35,8 mil toneladas, mas o volume já é 28% menor no comparativo com maio do ano passado. Já a União Europeia, que também bloqueou as importações de frango do Brasil desde o dia 16 de maio, o volume cresceu 46,2%, com 24,8 mil toneladas.
Outros mercados importantes como a África do Sul reduziram em 20,5% as importações em maio, com 25,5 mil toneladas, e México importou 16,6 mil toneladas exportadas, queda de 18,8%.
“As vendas para China, África do Sul e México retraíram nos patamares esperados. No caso da União Europeia, as vendas para o mercado vinham em ritmo consideravelmente elevado, o que justifica a alta, mesmo com a autossuspensão aplicada na segunda quinzena de maio”, afirma Santin.
Preço do frango no Brasil
Com a redução nos volumes de exportações, o frango que deixou de ser enviado para outros países foi distribuído no mercado brasileiro e, o que se esperava com o aumento da oferta, era uma queda de preços.
No entanto, o preço só caiu para os criadores de frango, em torno de 10% (preço de atacado), já o consumidor não percebeu quedas. “[após o caso de gripe aviária] os criadores começaram a ajustar a produção já prevendo a queda nas exportações”, avalia o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, essa organização pode frear a queda de preços.
Por outro lado, o foco da gripe em Montenegro (RS) também provocou uma alta nos custos de produção, já que os criadores precisaram investir em adequações e novas normas sanitárias para evitar qualquer nova contaminação. Rodrigo Dolabella, presidente do Sindiaves (DF) explica que itens como a forração dos aviários com tratamento térmico, agora obrigatório, pode onerar os custos em torno de 3% a 4%. “As granjas precisam trocar esta forração, se adequar às novas regras, mais rígidas, para evitar um novo foco”.