O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) declarou, nesta quarta-feira (18), que o Brasil já está livre da gripe aviária. Agora, o governo brasileiro negocia a retomada das exportações de produtos avícolas com os países que suspenderam as compras após um caso positivo de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial localizada em Montenegro, no Vale do Caí (RS). Nesta quarta-feira (18) termina o prazo do vazio sanitário imposto pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), após 28 dias sem novos casos.
O foco foi identificado no dia 16 de maio e, após um período de seis dias de inspeção e rastreamento do local, com imposição de barreiras sanitárias em toda a região, o Ministério da Agricultura decretou a quarentena, que no caso da gripe aviária, é um período de 28 dias, tempo suficiente para interromper o ciclo do vírus H5N1. Neste período, o local ficou completamente vazio e livre de qualquer ave.
Durante este período, mais de 40 países deixaram de comprar produtos avícolas do Brasil, principalmente a carne de frango. A China e os países da União Europeia suspenderam as compras de todo o Brasil, enquanto outros como o Japão e os Emirados Árabes deixaram de comprar apenas da cidade onde o foco foi registrado. Em maio, as exportações do setor caíram 13%.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), diz que, a partir de agora, a OMSA notifica todos os países sobre o fim do vazio sanitário da gripe aviária no Brasil, e os países começam a retomar as importações. Santin acredita que as retomadas devem ser reiniciadas pelos países da Europa.
No último mês, o preço da carne de frango caiu 15% para o produtor, mas os consumidores finais não sentiram essa queda — pelo contrário, houve até aumento no preço. “Os preços caíram no atacado, mas no varejo não. Neste setor inclusive, houve uma pequena alta para aumentar as margens de lucro dos varejistas", explica o consultor Fernando Iglesias.
O que foi feito no Rio Grande do Sul
De acordo com a Secretari de Agricultura do Rio Grande do Sul, logo após a identificação do foco de IAAP em Montenegro, as medidas de contenção foram implementadas, no dia 15 de maio. Desde então, o Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi) adotou ações rigorosas e sistemáticas para erradicar o foco e monitorar possíveis novos casos no Rio Grande do Sul.
No período, mais de quatro mil veículos foram abordados em barreiras sanitárias instaladas na região, com o objetivo de controlar o transporte de animais, produtos de origem animal e rações. As visitas de vigilância em propriedades rurais ocorreram dentro de duas zonas estabelecidas, uma de três quilômetros e outra de 10 quilômetros a partir do foco. Todas as medidas adotadas em Montenegro seguiram protocolos nacionais e diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Com a confirmação da doença, foram visitadas todas as 540 propriedades dentro do perímetro do foco. Depois da primeira rodada, as revisitas focaram nas propriedades com a presença de aves. No total, foram oito ciclos de visitas no raio de três quilômetros, a cada três dias, e cinco visitas nas propriedades do raio de dez quilômetros, a cada sete dias. Os fiscais agropecuários realizaram cerca de duas mil visitas nas propriedades rurais do raio do foco de gripe aviária.
O titular da Secretaria da Agricultura, Edivilson Brum, destaca o esforço conjunto e o compromisso do governo estadual no controle da doença. “Cumprimos todas as etapas previstas nos protocolos sanitários para que o Brasil possa se autodeclarar como país livre de influenza novamente à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)”, ressalta. Brum também reforça a confiança no término do vazio sanitário e na retomada da normalidade nas atividades comerciais.