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Guaraná: da lenda indígena à liderança da Bahia na produção agrícola nacional

Nativo da Amazônia, fruto que se assemelha a 'olhos' é a base da indústria de bebidas e suplementos; estado nordestino já responde por mais de 60% da safra
01 nov 2025 às 11:51
Por: Band
Divulgação/IDAM

Ele está presente na rotina dos brasileiros, como item de mesa ou de celebração e momentos de prazer, mas nem todos sabem que o guaraná é um produto do agronegócio. Produzido sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, este item do agro movimenta a agricultura familiar e a agroindústria de bebidas e a indústria farmacêutica no país. 


O guaraná (Paullinia cupana) é um dos produtos mais emblemáticos do agronegócio brasileiro. Nativo da bacia amazônica, o fruto é mundialmente conhecido tanto pela lenda indígena que explica sua origem quanto por sua alta concentração de cafeína, que o torna a matéria-prima principal para a indústria global de bebidas energéticas, refrigerantes e suplementos.


Embora sua história esteja ligada aos povos originários do Amazonas, o mapa da produção mudou: atualmente, o Brasil é o maior produtor comercial de guaraná do mundo, e o estado da Bahia consolidou-se como o líder isolado no cultivo, superando com folga o estado de origem do fruto.


A lenda dos 'olhos' da floresta


A origem do guaraná está profundamente ligada à cultura dos povos indígenas Sateré-Mawé, historicamente estabelecidos na região de Maués, no estado do Amazonas. 

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A lenda mais popular, parte do folclore da região Norte, conta que o guaraná nasceu dos olhos de um menino. Segundo a história, um casal indígena que desejava muito ter um filho fez um pedido ao deus Tupã, que atendeu à prece. Um belo menino nasceu, tornando-se muito querido por toda a tribo.


Contudo, um dia, ao coletar frutos na floresta, o menino foi mordido por uma serpente e morreu. O desespero tomou conta da tribo, mas Tupã orientou a mãe a plantar os olhos da criança. No local, cresceu uma planta cujos frutos, ao amadurecerem, abrem-se e revelam uma semente preta cercada por um arilo branco, assemelhando-se notavelmente a olhos humanos.


Bahia supera o Amazonas e lidera o cultivo


Apesar de sua origem lendária no Amazonas, o principal polo de produção de guaraná no Brasil está, hoje, na Bahia. O cultivo se tornou um pilar econômico fundamental para pequenos e médios produtores rurais na região do Baixo Sul baiano. 


Segundo os dados consolidados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), referentes à safra de 2024, a Bahia foi responsável por 63,2% de todo o guaraná colhido no Brasil, alcançando uma produção em torno de de 1.555 toneladas. O Amazonas aparece como o segundo maior produtor nacional, com uma produção em torno de 700 mil toneladas. As duas regiões respondem por mais de 95% de toda a safra do país. A colheita do guaraná ocorre sazonalmente, geralmente concentrada entre os meses de outubro e fevereiro.


Do fruto ao pó: como o guaraná é processado

O guaraná raramente é consumido in natura, pois seu sabor não é agradável ao paladar. Quase toda a produção é destinada à industrialização, que transforma a semente em pó, xarope ou bastão.

O processo agroindustrial é meticuloso e começa logo após a colheita, que se estende de outubro a abril na Bahia.


1. Fermentação e Separação: Os frutos colhidos são acondicionados em sacos ou amontoados em local limpo, onde fermentam por até três dias. Após essa etapa, é feita a separação da polpa (o arilo branco) da semente, um processo que em muitas propriedades ainda é feito de forma artesanal, com os pés, de maneira similar à pisa da uva na produção de vinho.


2. Torrefação: As sementes separadas são lavadas e seguem para a torrefação (torra), a etapa mais crítica. O processo é feito em tachos metálicos ou de barro. O ponto ideal é atingido quando a umidade da semente fica entre 5% e 7%, ideal para a indústria de refrigerantes. Para o guaraná em bastão, a umidade pode ser um pouco maior, entre 8% e 12%.


3. Moagem (Guaraná em Pó): Para a produção do pó, as sementes torradas passam por um processo de moagem, muitas vezes em duas etapas, para atingir a granulometria (a textura do pó) desejada. O rendimento é alto: cada tonelada de semente torrada gera cerca de 700 kg de guaraná em pó.


4. O Bastão (Método Tradicional): A forma mais antiga de comercialização é o bastão, um método desenvolvido pelos indígenas Maués. Nele, a semente torrada é triturada ou pilada, misturada com água até formar uma pasta consistente, moldada em formato de bastão (processo chamado de "panificação") e, por fim, desidratada lentamente, muitas vezes por defumação prolongada.


Demanda firme e mercado em expansão

A demanda pelo guaraná brasileiro tem se mantido firme, crescendo, em média, 3% ao ano, impulsionada pelo reconhecimento internacional de suas propriedades energéticas. No Brasil, o produto é a base para a indústria de refrigerantes, que utiliza o xarope de guaraná, e para o crescente mercado de suplementos dietéticos e cápsulas. O extrato também é cada vez mais utilizado na indústria de cosméticos.


Para a safra 2024/2025, a expectativa da Conab é de demanda aquecida e preços em alta pagos ao produtor, especialmente nos períodos de entressafra, garantindo a rentabilidade desta cultura que começou como uma lenda e se transformou em um motor econômico.

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