Grande parte das hortaliças cultivadas no Brasil tem origem em regiões de clima temperado, onde essas espécies evoluíram sob verões amenos e dias longos, com invernos rigorosos que naturalmente interrompem os ciclos de pragas e regulam a produção. Segundo Ítalo M. R. Guedes, agrônomo e pesquisador, ao serem introduzidas no clima tropical brasileiro, essas plantas passam a enfrentar condições muito mais desafiadoras, como calor intenso, alta umidade e uma estação fria que muitas vezes não passa de uma leve trégua no calor.
Nesse ambiente, espécies herbáceas, frágeis e perecíveis vivem sob estresse constante, o que torna a horticultura tropical altamente dependente de tecnologias, manejo intensivo e práticas de proteção. Sem essas ferramentas, manter a produtividade e a qualidade das hortaliças seria quase inviável em muitas regiões do país.
É por isso que recursos como o cultivo protegido, a hidroponia, a fertirrigação e o controle biológico não são apenas tendências tecnológicas — são necessidades práticas impostas pelas características do nosso clima. São eles que possibilitam produzir com regularidade e qualidade mesmo diante de um cenário tão adverso. No Brasil, cultivar hortaliças de forma eficiente é, antes de tudo, um exercício de resiliência.
Compreender essa realidade é essencial para valorizar o trabalho dos produtores e reforçar a importância da pesquisa, da inovação e do apoio técnico na agricultura tropical.
“A natureza das hortaliças explica muito da nossa necessidade por cultivo protegido, hidroponia, fertirrigação e controle biológico. Por aqui, produzir folhas tenras é, antes de tudo, um exercício de resistência”, conclui.
