Acusado de matar 31 palestinos que iam buscar comida na madrugada de domingo, Israel se defendeu divulgando imagens de drone em que mascarados, e não soldados, são flagrados disparando tiros e pedras contra pessoas que formavam fila diante dos centros da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) — uma organização privada recém criada pelos EUA e Israel.
Um comunicado militar acusou o Hamas de “fazer qualquer coisa para minar a distribuição de comida”, sobre a qual o grupo perdeu o controle para a GHF. Quando os corpos dos mortos e 170 feridos começaram a chegar aos hospitais, o primeiro suspeito acusado pelo novo massacre foi Israel. Testemunhas descreveram ataques por ar, terra e mar. “Notícias falsas”, alertaram até mesmo as embaixadas israelenses mundo afora, inclusive no Brasil.
Neste domingo não houve incidentes nos centros da GHF, como nos dois primeiros dias da estreia. Soldados israelenses alertaram a multidão que caminhava às 3h da manhã para buscar mantimentos que a distribuição só começaria mais tarde, às 6h, e pediram que esperasse. Quando os disparos começaram, as tropas estavam distantes um quilômetro.
O chefe do Estado Maior do exército, general Eyal Zamir, deu ordens às tropas para expandir a ofensiva em Gaza, depois que o acordo de cessar-fogo foi retardado pelo Hamas, que quer mais garantias dos EUA, Catar e Egito de que Israel vai se retirar para sua fronteira e negociar um cessar-fogo permanente ao final de uma trégua de 60 dias. Improvável: Israel quer a rendição do Hamas e o exílio para seus líderes.
O enviado especial da Casa Branca ao Oriente Médio, Steve Witkoff, ainda está tentando resgatar o acordo, mas se ele for emendado para satisfazer a liderança palestina, terá que ser aprovado pelo governo israelense de novo, e o presidente Trump já se revelou impaciente na sexta-feira.
Neste domingo, os Houthis dispararam mais um míssil balístico dede o Iêmen, abatido por Israel, mas as sirenes da defesa aérea mandaram milhares de pessoas para os abrigos, por precaução.
Os chanceleres da Arábia Saudita, Barhain, Egito e Jordânia que se reuniriam com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia, mas foram impedidos de entrar em Israel, pelo governo Netanyahu, encontraram-se em Aman. O chanceler saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al-Saud, disse à imprensa que a atitude israelense demonstra seu “extremismo e rejeição à paz”.