Um grupo de cientistas entregou, nesta segunda-feira (17), uma carta aos chefes de delegações da COP30 alertando que os países têm cinco dias para entregar um “roteiro claro” para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e proteger as florestas tropicais.
Entre os cientistas que assinaram o documento estão: Carlos Nobre, Mary Robinson, Juan Manuel Santos, Johan Rockström e Ricarda Winkelmann.
A carta, segundo os cientistas, é uma união de ativistas, povos indígenas, líderes políticos e empresários. O documento tem como objetivo alertar para ecossistemas, como a Amazônia e recifes, que estão “sob pressões intoleráveis”.
“Somente nos últimos dois anos, a Amazônia viveu uma das piores secas já registradas. A ciência mostra que a mudança climática causada pelo ser humano tornou essa seca 30 vezes mais provável do que seria sem interferência humana”, diz trecho da carta.
“A Amazônia também registrou o maior número de incêndios em quase duas décadas, mais de 140 mil incêndios florestais, a grande maioria deles causados pela ação humana, queimando milhões de hectares de floresta, liberando enormes quantidades de carbono e afetando gravemente a saúde das populações”, afirmam os cientistas.
Para o grupo, a pressão combinada das emissões de combustíveis fósseis e do desmatamento “empurra a Amazônia na direção de mudanças irreversíveis”.
“Quando a floresta se degrada e grandes áreas deixam de absorver carbono para se tornarem fontes de emissões, todo o planeta sem tirar o impacto”.
“Os recifes de corais tropicais, berço de um terço de toda a vida marinha, atingiram — ou estão muito próximos de atingir — um ponto de não retorno. O aquecimento dos oceanos e a acidificação, impulsionados pelas emissões de combustíveis fósseis, estão destruindo esses ecossistemas. O mundo já perdeu entre 30% e 50% de seus recifes”, escreveram.
Segundo os cientistas, apenas nos últimos três anos, mais de 80% sofreram branqueamento severo, “enfraquecendo as bases de vida de inúmeras comunidades costeiras que dependem deles para alimentação e sustento”.
“Neste fim de semana, o povo de Belém levou esse alerta às ruas com um rugido colorido. Nossa mensagem é clara: a perda dos recifes de corais e a degradação da Amazônia - uns dos maiores estabilizadores climáticos da Terra - afetam a todos nós. Aqui na Amazônia, a COP30 deve conceber um esforço global para proteger a vida em todas as suas formas. Os países precisam se unir para entregar roteiros para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e deter e reverter a perda das florestas. Isso exige manter firme a ‘missão 1.5’”, finalizaram.