Nos Estados Unidos, uma mulher grávida que teve morte cerebral é mantida viva por aparelhos há quase 4 meses, contra a vontade da família. O motivo é uma polêmica lei antiaborto.
Grávida de nove semanas, Adriana Smith foi liberada em fevereiro de dois hospitais na Geórgia, Estados Unidos, mesmo depois de fortes dores de cabeça. No terceiro atendimento, foram descobertos coágulos no cérebro, o que levou à morte.
Mas a enfermeira de 30 anos ainda é mantida viva por aparelhos enquanto o feto cresce. O nascimento está previsto para agosto. A decisão não foi dos médicos nem da família que, segundo a mãe de Adriana, sequer foi consultada.
O hospital da Geórgia mantém Adriana nos aparelhos com base na lei antiaborto do Estado, que só autoriza interromper a gravidez em casos de estupro, incesto e risco para a mãe. A lei não prevê caso de morte da mãe.
Enquanto a conta do hospital de multiplica, os parentes lidam com a perda da enfermeira sem saber se o filho dela vai sobreviver nem em quais condições.
“O cérebro, ele funciona como se fosse um maestro orquestrando aí todas as funções do organismo. Então a gente tem sim distúrbios, por exemplo, endócrinos, algumas glândulas param de funcionar adequadamente, riscos infecciosos aí maternos que tem uma transmissão fetal, e isso pode trazer, enfim, déficits para o bebê lá na frente, né?”, explicou o ginecologista obstetra e medicina fetal Murilo Casati ao Jornal da Band.
O caso reacendeu o debate americano sobre os limites éticos e legais das políticas antiaborto em comandados por republicanos, depois que a Suprema Corte derrubou a decisão que garantia o Direito Federal à interrupção da gravidez nos Estados Unidos.
No Brasil, houve casos semelhantes, mas em finais de gestação e com autorização da família para o nascimento do bebê. Em 2023, Rhuan foi mantido por 42 dias na barriga da mãe, que teve morte cerebral. Ele nasceu pesando 825 gramas e precisou ficar mais de 4 meses internado.