Um terremoto de magnitude 7,6 atingiu o Japão na manhã desta segunda-feira (8). O tremor, que teve o seu epicentro na cidade de Misawa, tem profundidade de 53,1 km. Houve, também, um alerta de tsunami para as áreas costeiras de Hokkaido, assim como para as cidades de Aomori e Iwate.
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o nível de alerta é amarelo e até o momento não há registo de vítimas ou danos. Ainda segundo o órgão, o alerta amarelo pode significar que há possibilidade de danos estruturais, mas as perdas econômicas não chegarão a 1% do PIB do Japão.
A formação do tsunami
As ondas gigantes podem surgir quando terremotos, deslizamentos de terra, erupções vulcânicas, explosões nucleares ou mesmo impactos de meteoritos abalam o fundo do mar.
Ao contrário das ondas normais, formadas pelo vento ou pelas correntes, em um tsunami toda a coluna de água entra em movimento. Essa coluna se estende desde a superfície até o fundo do mar, podendo percorrer vários quilômetros no caso de águas profundas.
A imensa força das ondas de um tsunami também é demonstrada pelo fato de que peixes que vivem a cerca de 1.000 metros de profundidade aparecerem na superfície.
Quase nada perceptível
Os tsunamis podem se propagar a até 900 km/h, atravessando oceanos inteiros em pouco tempo. Em alto mar, porém, a onda não costuma ultrapassar dois ou três metros de altura e, muitas vezes, devido à sua grande extensão, não é percebida por tripulações de embarcações.
Assim, enquanto um tsunami percorre as profundezas do oceano, a distância entre as cristas das ondas pode chegar a 150 quilômetros ou mais.
Mas em águas costeiras rasas e baías estreitas, a velocidade diminui, levando a onda a ganhar alturas de até 40 metros e podendo, desta forma, devastar regiões inteiras.
A geografia da costa também influencia a configuração de um tsunami. Pode ocorrer, por exemplo, uma série de inundações que sobem e descem rapidamente, ondas que quebram ou, em casos mais raros, uma única onda gigante com uma frente íngreme e quebrada.
Ondas gigantes de até 30 metros de altura concentram uma força destrutiva inimaginável, frequentemente atingindo áreas distantes do litoral.
Tsunamis não são raros
O maior risco de tsunami existe devido à grande atividade da crosta terrestre ao redor do Pacífico. Por isso, serviços de alerta tentam advertir regiões em risco a tempo, utilizando boias sensoriais, computadores e satélites.
Uma das ondas mais altas da história foi provocada pela erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 27 de agosto de 1883: com cerca de 30 metros de altura, o tsunami atingiu as costas de Java e Sumatra, causando a morte de mais de 36.000 pessoas.
Em 1946, um terremoto nas Ilhas Aleutas, no Alasca, provocou um tsunami que deixou cinco mortos no estado americano e, horas depois, 159 no Havaí.
Em 1992, mais de 2.000 pessoas morreram no leste da Indonésia quando uma ilha foi subitamente engolida pelas águas.
Em julho de 1998, uma onda gigante provocada por um terremoto em Papua Nova Guiné causou a morte de mais de 1.200 pessoas.
Em 26 de dezembro de 2004, um tsunami atingiu o sudeste asiático, causando a morte de aproximadamente 230.000 pessoas. A enorme onda, provocada por um terremoto de magnitude 9,1, varreu grandes áreas das costas da Indonésia, Tailândia e Malásia, bem como trechos da costa do Sri Lanka e do sul da Índia.
Em março de 2011, um forte terremoto atingiu a costa japonesa, provocando um tsunami que matou mais de 18.000 pessoas e deixou quase meio milhão de desabrigados. Esse episódio foi o gatilho para o desastre nuclear de Fukushima.
Por que alguns terremotos são mais fortes que outros?
A destruição do local em que o tremor foi localizado depende de um conjunto de fatores, como a profundidade que foi sentido, a localização geográfica e a proximidade de áreas povoadas.
Nem todos os terremotos de magnitude 7 serão mortais. Outro exemplo é o tremor que atingiu a Rússia nesta quinta-feira (18), sentido na costa leste do país, com magnitude 7,8 e capaz de desencadear um alerta de tsunami, além de provocar uma série de tremores subsequentes, mas de menor escala na região.
Ainda de acordo com o Centro de Sismologia da USP, um tremor acima da magnitude 10 pode ser “extremamente destrutivo, mas não significaria o fim do mundo”.
“Caso acontecesse, um evento dessa magnitude poderia ser extremamente destrutivo para o país ou região em que ocorresse, além da possibilidade de gerar tsunamis que afetariam até mesmo outras regiões, mas não significaria o fim do mundo”, afirmou o geólogo José Alexandre.