O Rio de Janeiro amanheceu com rajadas de tiros de fuzil para todos os lados na nesta terça-feira (10). Passageiros de ônibus e moradores ficaram no meio do fogo cruzado durante uma operação num dos maiores redutos do tráfico de drogas na cidade. Quatro inocentes foram baleados e vinte bandidos presos.
78 disparos foram registrados em apenas 37 segundos. O dia nem tinha amanhecido quando a Polícia interditou a Avenida Brasil e a Linha Vermelha - duas das principais vias expressas do Rio.
Quatro pessoas foram baleadas: o motorista de um ônibus, dois passageiros e um pedestre.
“Falei com os passageiros: 'se abaixa que o negócio tá pegando'”, disse um motorista de ônibus.
“Poderia ter sido eu, porque foi duas cadeiras antes”, relatou o amigo de uma das vítimas dos disparos.
O alvo da operação foi, mais uma vez, o Complexo de Israel - conjunto de cinco favelas da Zona Norte dominadas pelo Terceiro Comando Puro. Na região moram cerca de 140 mil pessoas.
São moradores que vivem sob um rígido controle do tráfico - que inclui a religião. Missas católicas e rituais de matriz africana são proibidos pela facção.
Durante a tarde desta terça-feira (10), o policiamento continuou reforçado, mas não foram registrados novos confrontos. A operação dessa manhã tinha como alvo 44 traficantes sem antecedentes criminais, identificados depois de sete meses de investigação.
Vinte pessoas foram presas. Entre elas, um militar da ativa do Exército, com experiência em tiros de precisão. A função dele era atingir helicópteros da polícia nas operações. Oito fuzis, granadas e munição foram apreendidos.
Esta igreja evangélica de fachada era usada como um bunker da quadrilha. Com uma vista privilegiada, os buracos na parede permitiam a colocação de fuzis e o domínio estratégico da região. A construção foi demolida.
“Essa mesma facção perseguiu diversas é, religiões (...) construiu uma falsa igreja e montou equipes antiaéreas para atacar aeronaves. Então, é disso que estamos tratando, narco-terroristas”, afirmou o delegado Moyses Santana.