O presidente Donald Trump prevê um acordo de cessar-fogo em Gaza para a semana que vem, quando vai receber o premiê israelense Benjamin Netanyahu pela terceira vez, desde sua posse, em janeiro. Ele também cumpriu o prometido ao novo presidente sírio, Ahmed al-Sharaa: assinou a suspensão das sanções econômicas de décadas contra a Síria.
O Oriente Médio vai mudando. O eixo de resistência Irã-Hezbollah-Hamas e a Síria de Bashar Al-Assad derrotado, abre caminho para negociações já em andamento entre israelenses e sírios e a esperança de normalização de relações entre Israel e Líbano e Arábia Saudita.
Muito dependerá de Israel. O premiê Netanyahu já convocou duas reuniões de seu gabinete de segurança desde domingo, em antecipação ao novo encontro com Trump. Ele quer manter as tropas em Gaza; o Hamas só aceita acordo se elas se retirarem. Talvez aí haja um compromisso.
O chefe do Exército israelense, Eyal Zamir, já não tem mais alvos em Gaza que não representem perigo para os 20 reféns vivos. Mas dois ministros da extrema-direita israelense continuam contra um cessar-fogo com o Hamas, ameaçando abandonar a coligação do governo.
A pressão sobre a distribuição de comida em Gaza, uma veia pingando sangue diariamente, reuniu 165 ONGs internacionais contra a Fundação Humanitária, criada por Israel e EUA, e que só atende a parte sul dos gazenses famintos.
Depois da denúncia de que os soldados teriam ordens de disparar fogo vivo contra os palestinos na fila da comida, feita pelo jornal Haaretz na semana passada, Israel tomou algumas providências, como alterar rotas para distanciar confrontos e reunir o seu Comando Sul para revisar regras de combate.
Desde domingo está em Washington o ministro de Assuntos Estratégicos israelense, Ron Dermer, discutindo o que poderá se tornar o acordo de cessar-fogo para Gaza. A Casa Branca deu um presente antecipado à concessão esperada de Israel ao Hamas: repôs 510 milhões de dólares em armamento que foi consumido na guerra contra o Irã, principalmente kits de munições teleguiadas.
Um alívio para a oposição israelense foi o presidente Trump parar de condicionar as negociações para o cessar-fogo e libertação de reféns ao perdão para o premiê Netanyahu, em julgamento por ter recebido 200 mil dólares em suborno, por quebra de confiança e fraude.
O que fez o tribunal foi dispensar o réu nesta e na outra semana das audiências que já se prolongam há anos. Mas não demonstrou nenhuma disposição em submeter-se à chantagem de Trump. O presidente Katz, porém, assuntou em que condições poderia dar seu perdão ao primeiro-ministro. O juiz aposentado da Suprema Corte Aharon Barak explicou que há uma condição apenas: se ele renunciar ao cargo, como proposto no início do processo.