Nove pessoas foram presas, nesta quinta-feira (4), por tráfico de cogumelos alucinógenos. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, o grupo é investigado também por crimes ambientais, contra a saúde pública e por lavagem de dinheiro.

A operação contou com o apoio dos Correios e da Receita Federal, além do Coaf. Durante a ação, os policiais encontraram locais de cultivo e apreenderam equipamentos e veículos.
A investigação começou com o monitoramento de páginas em redes sociais que anunciavam a venda da droga. Para alcançar o público jovem, eram utilizados sites com apelo visual, impulsionamento pago em redes sociais e parcerias com influenciadores e DJs.
Os criminosos atuavam em Brasília, Paraná, Santa Catarina e por último em São Paulo, afirmou o delegado Valdeck Cavalcante:
"Quando algum não tinha estoque, eles usavam esse sistema de dropshipping, que eles remetiam de outros estados para os clientes finais. O pessoal de Brasília vendia para todo o país e, quando não tinha estoque, eles usavam o estoque dos outros. Eles usavam empresas do ramo alimentício para lá o dinheiro para ocultar essa atividade ilegal deles", diz.
Os criminosos faziam envios para consumidores e traficantes de todos os estados por meio dos Correios. Foram identificadas 3,7 mil encomendas do grupo criminoso. Agentes públicos também estariam envolvidos.
Segundo o delegado, foi pedido à Justiça o sequestro de R$ 250 milhões dos suspeitos. Se forem condenados, os investigados podem pegar até 53 anos de prisão.
É proibido ou não?
O cogumelo Psilocybe cubensis em si não está na lista de substâncias proibidas pela Anvisa, ou seja, teoricamente, não é crime produzi-lo ou vendê-lo.
Porém, substâncias que estão presentes no fungo, como a psilocibina e a psilocina, são proibidas. O que, na prática, gera uma brecha na lei, já que apenas a produção e comercialização dos princípios ativos do cogumelo são proibidas.
Nesse caso, a compra e venda dos cogumelos não é proibida, porém a venda das substâncias extraídas deles sim.
Na prática, como normalmente o cogumelo é vendido para o consumo das substâncias alucinógenas, as autoridades interpretam sua comercialização como tráfico de drogas.