A interdição na Serra da Esperança, na BR-277 em Guarapuava, completou hoje seu terceiro dia. O bloqueio é resultado de desmoronamentos na região, que têm causado transtornos e riscos para os motoristas que utilizam o trecho. O monitoramento prévio de deslizamentos é fundamental para evitar acidentes e bloqueios inesperados, mas o processo, segundo especialistas, ainda demanda avanços tecnológicos e estratégias mais efetivas.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) é responsável por realizar esses acompanhamentos, mas, conforme revelações recentes, o monitoramento enfrenta limitações no local. Equipamentos fundamentais que poderiam fornecer dados em tempo real, como análise da inclinação do solo, pressão da água e movimentações no terreno, ainda não estão instalados.
Imagens divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal mostram o fluxo de água em várias regiões rochosas da Serra da Esperança. De acordo com informações da PRF, os desmoronamentos ocorreram no quilômetro 309 e também em outros pontos críticos, como nos quilômetros 306, 307 e 310 da rodovia.
Durante a cobertura da situação, especialistas apontaram que as características geológicas da região contribuem para o aumento do risco de novos deslizamentos. O geógrafo Adalto Lima, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), explica que a Serra é composta por dois tipos de rochas: uma mais robusta e outra arenosa, o que torna essencial o monitoramento constante.
Em nota, o DNIT informou que estratégias de contenção, como barreiras e manutenção de muros de proteção, têm sido implementadas desde abril, após um deslizamento significativo na mesma região. Apesar disso, o monitoramento meteorológico também tem sido um desafio. O DNIT utiliza dados do Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR), mas a estação usada fica a mais de 30 km da Serra da Esperança, o que limita a precisão das informações.
Além disso, uma estação desativada no Mirante da Serra poderia fornecer dados mais específicos caso estivesse em funcionamento adequado. O DNIT reconhece a complexidade dos desafios geológicos da região e afirma estar buscando novas tecnologias e medidas para melhorar a segurança da BR-277, especialmente para motoristas que enfrentam os bloqueios nos últimos dias.
Até o momento, o DNIT não emitiu nenhum alerta preventivo sobre os riscos relacionados ao desmoronamento e, segundo informações, o primeiro técnico chegou ao local apenas após 21 horas da interdição.
A situação segue em monitoramento, enquanto os usuários da rodovia enfrentam as consequências dessa interdição. Amanhã, a terceira reportagem da série Bloqueio na Serra trará detalhes sobre os reflexos da interdição na sociedade e abordará a concorrência para concessão de pedágios, prevista para este mês, com o objetivo de melhorar a segurança e o fluxo viário da região.