Ágatha soube ainda na gestação que Lorena teria paralisia cerebral. Desde os três anos, a filha frequenta a APAE de Cascavel e, em três anos de atendimentos, a mãe já percebeu avanços importantes, mesmo que lentos. Lorena é uma das mais de 500 alunas e alunos atendidos pela instituição, que oferece ensino, saúde e assistência social.
Na mesma sala de aula está Lucca, também com paralisia cerebral. A mãe dele acompanha diariamente os atendimentos e vê na APAE mais do que um espaço de aprendizagem – ali, ela encontrou apoio e acolhimento. Mas agora, como outras famílias, vive a apreensão diante de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada ao STF, que pode comprometer o futuro das APAEs no estado.
A ação é da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, que questiona duas leis estaduais que garantem repasses públicos para entidades de educação especial, como a APAE. A alegação é de que os recursos deveriam ir exclusivamente para o ensino regular inclusivo, nas escolas da rede comum.
A proposta preocupa famílias que já tentaram essa via. No início deste ano, Ágatha levou Lorena para um CMEI, mas em dois dias desistiu. A estrutura e os profissionais não estavam preparados para a realidade da filha.
A APAE de Cascavel mantém duas escolas estaduais e funciona com repasses do Estado e do município. Em 2023, os recursos auditados somaram cerca de R$ 12 milhões, entre verbas da educação (R$ 5 milhões), saúde (R$ 1,1 milhão), assistência social (R$ 250 mil), além de arrecadações com eventos e doações (R$ 3,5 milhões) e renúncia fiscal (R$ 2 milhões). Apesar disso, a instituição afirma que muitas vezes a conta não fecha.
Em Brasília, uma comitiva liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná se reuniu com o ministro Dias Toffoli, relator da ação no STF. O grupo, que representou também o governador Ratinho Junior, foi defender a permanência do modelo paranaense e o apoio às APAEs.