Cidade

Justiça condena Prefeitura de Cambé a realizar obras no Recanto Rancho Ringo

19 dez 2025 às 13:41

Os moradores do loteamento Recanto Rancho Ringo, em Cambé, conquistaram uma vitória judicial significativa após décadas de espera. Em decisão de segunda instância, a Justiça condenou a prefeitura a realizar obras essenciais de infraestrutura na região. A sentença atende a uma Ação Civil Pública movida pela associação de moradores, que denuncia o descaso público em um bairro que paga impostos urbanos, mas recebe serviços rurais.


O loteamento, criado na década de 1970 originalmente como sítios de lazer, foi integrado ao perímetro urbano de Cambé com o passar dos anos. Hoje, as 132 chácaras são todas regularizadas e possuem matrícula individual, o que obriga os proprietários ao pagamento do IPTU. No entanto, os moradores alegam que o investimento da prefeitura não acompanhou a arrecadação tributária.


O Contraste: Imposto de Cidade, Estrutura de Campo


A situação no Recanto Rancho Ringo é marcada por carências básicas que afetam o cotidiano de quem reside no local há anos. Entre os principais problemas apontados pela comunidade e pela Justiça estão:


  • Vias de Acesso: Embora as placas oficiais indiquem nomes como "Avenida Mustang", o acesso interno é feito exclusivamente por estradas de terra, que sofrem com poeira e lama.

  • Iluminação Deficiente: Moradores relatam a falta de postes em diversos trechos e o uso de equipamentos ultrapassados. Há queixas, inclusive, de pagamento em duplicidade da taxa de iluminação pública sem a contrapartida do serviço.

  • Abandono de Áreas Públicas: Terrenos pertencentes ao município seguem vazios. Uma antiga escola, desativada em 2004 e demolida no ano passado, deu lugar a um terreno baldio, assim como uma área institucional de 7.500 m² que permanece sem projetos sociais ou de lazer.


A Resposta da Prefeitura e os Próximos Passos


O aposentado Bazileo Santos, morador do bairro desde 1992, resume o sentimento da vizinhança: "Pagamos como cidade, mas vivemos como se estivéssemos isolados". A luta pelo asfalto já atravessa três décadas e, mesmo com a decisão favorável na segunda instância, o embate jurídico deve continuar.


Em nota, a Prefeitura de Cambé, por meio da Secretaria de Assuntos Jurídicos, informou que ainda não foi notificada oficialmente sobre a condenação. O município adiantou, porém, que pretende recorrer da decisão assim que o recesso forense terminar, o que pode prolongar ainda mais o início das obras definitivas no loteamento.