O olhar atento ao céu é parte essencial do cotidiano de qualquer produtor rural. O equilíbrio entre as chuvas e a força do sol é o que garante o sucesso das lavouras. Porém, as mudanças climáticas têm alterado esse cenário, deixando os produtores vulneráveis à irregularidade das chuvas e à escassez de água.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia, os últimos cinco anos apresentaram chuvas abaixo da média em várias regiões do Brasil, o que reduziu a disponibilidade hídrica para a agricultura. Nesse contexto de extremos, a irrigação tem se tornado uma solução estratégica para tentar controlar um pouco mais o impacto das condições climáticas. O uso da irrigação no Brasil cresceu 50% nos últimos 15 anos, mas esse avanço não é barato. O custo por hectare pode ultrapassar os 10 mil reais.
Juacir, produtor rural com mais de 500 hectares no Mato Grosso e no Paraguai, está ciente dos custos elevados, mas já decidiu investir no sistema de irrigação para proteger suas lavouras. Ele sabe que, com a inconstância das chuvas, muito dinheiro é desperdiçado, como ocorre no Paraná, onde o estresse hídrico tem provocado perdas significativas. Nos últimos cinco anos, o estado deixou de produzir 40 bilhões de reais em grãos como soja, milho, trigo e feijão devido à falta de água.
A maior parte dessas perdas ocorre no Oeste do Paraná, não tanto pela seca, mas pelo alto volume de produção. A região noroeste do estado, com seu solo arenoso, é a que mais sofre. Para enfrentar essa realidade, o Governo do Paraná lançou, no ano passado, o programa Irriga Paraná, que oferece linhas de crédito facilitadas, bonificação por práticas de preservação, subvenção para crédito rural e apoio emergencial, visando mitigar os danos causados pelo estresse hídrico e incentivar o uso eficiente da água.
A irrigação, embora custosa, se apresenta como uma medida essencial para garantir a produtividade no campo frente às mudanças climáticas, trazendo alívio para produtores que enfrentam a incerteza das chuvas e a escassez de água.
