O que é considerado lixo por muitas pessoas tem se mostrado
uma importante fonte de renda e um elemento crucial na busca por soluções ambientais.
Em Londrina, uma das principais alternativas para o reaproveitamento dos
resíduos gerados pela população vem das cooperativas de catadores. Elas têm
conseguido separar e vender materiais recicláveis, proporcionando aos
cooperados uma significativa fonte de sustento.
A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis e de
Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Londrina, a Cooper Região, tem
desempenhado um papel central nesse processo. Com 123 cooperados, a unidade,
localizada no Jardim Kase, se dedica à coleta, separação e prensagem de
materiais recicláveis, com o objetivo de destiná-los para as empresas
recicladoras. Cada associado consegue gerar um rendimento médio de R$ 3.000
mensais.
A separação dos materiais é feita com grande cuidado e
atenção. A ex-babá Lucivane Gomes de Souza, que há 14 anos ingressou na
cooperativa, se tornou uma das principais responsáveis por esse processo, com a
tarefa de separar, de maneira meticulosa, papelão, vidro, plástico, alumínio,
isopor e outros materiais. Ela, assim como outros cooperados, destaca a
importância do trabalho para a preservação ambiental e para a geração de renda.
A Cooper Região conta ainda com uma frota de seis caminhões
responsáveis pela coleta seletiva do lixo de aproximadamente 145 mil
domicílios, o que representa quase 40% da cidade. Todo o material coletado é
levado para o barracão da cooperativa, onde é cuidadosamente separado e
preparado para a reciclagem.
Entretanto, um dos principais obstáculos enfrentados pelas
cooperativas é a falta de conscientização de boa parte da população. De acordo
com dados da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização ), cerca de 40%
dos resíduos descartados em Londrina poderiam ser reciclados, mas acabam indo
parar no aterro sanitário. Em 2024, as sete cooperativas responsáveis pela
reciclagem na cidade conseguiram processar 9.962 toneladas de resíduos, o que
representa apenas 16% do potencial reciclável.
Ainda assim, iniciativas como a da Cooper Região indicam que
o setor de reciclagem tem grande potencial para crescer, tanto em volume de
materiais reciclados quanto em geração de trabalho e renda. Para os cooperados,
o trabalho não é apenas uma fonte de sustento, mas uma oportunidade de se
sentir importante como agentes ambientais, colaborando para um futuro mais
sustentável.
De acordo com o Centro de Gestão de Resíduos de Londrina,
cada morador da cidade gera, em média, um quilo de lixo por dia. Ao longo do
ano, isso representa quase 380 quilos por pessoa, dos quais metade é passível
de ser reciclada, caso haja a separação adequada. A tendência é que, com mais
conscientização e investimentos, esse processo se torne cada vez mais eficiente
e benéfico para todos os envolvidos.
Com mais apoio e participação da comunidade, as cooperativas
de recicladores podem não só aumentar o impacto ambiental positivo, mas também
melhorar as condições de vida de seus trabalhadores, proporcionando a eles uma
fonte estável de renda, ao mesmo tempo em que contribuem para o desenvolvimento
sustentável da cidade.