A última semana de maio começou com os juros futuros retomando a trajetória de baixa após a pausa vista na sexta-feira, quando encerraram o dia estáveis depois de recuarem por quatro sessões. O principal fator a explicar o alívio nas taxas foi a leitura de que as manifestações do domingo em defesa do governo, da reforma da Previdência e contra os parlamentares do Centrão, nas ruas de vários Estados do Brasil, tiveram adesão acima da esperada, o que anima sobre a tramitação das matérias no Congresso. Até porque a segunda-feira, 27, teve agendas econômica e política esvaziadas, além dos feriados nos Estados Unidos e Reino Unido terem comprometido a liquidez dos negócios.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 6,750%, de 6,791% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,952% para 7,91%. A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou a 8,52%, de 8,572%.
Os juros já começaram o dia em queda, diante da avaliação positiva sobre os atos nas ruas neste domingo e atingiram mínimas entre o fim da manhã e o meio da tarde, quando, então, um aumento da pressão do câmbio afastou as taxas dos patamares mais baixos do dia.
"Esperávamos que fossem fracas as manifestações, e até o próprio presidente Bolsonaro parece que achava isso para ter dito que não participaria, mas o que vimos ontem foi realmente maior do que o esperado", disse a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira.
Para ela, a reação do mercado foi uma combinação das manifestações com a entrevista de Bolsonaro à rede Record, no domingo à noite. "Ele teve uma comportamento de presidente da República, afirmando que a reforma (da Previdência) não tem de ter paternidade, se desculpando aos estudantes, entre outras coisas. Não capitalizou as manifestações em causa própria, como poderia. Os protestos, se não chegaram a ser um superevento, foram na medida correta para que ele tivesse esta postura institucional", explicou.
Os eventos da semana, no entanto, devem testar o bom humor dos investidores. "O segundo tempo começa amanhã", disse Patricia.
Nesta terça-feira, na volta do Congresso, a conferir se haverá retaliação dos parlamentares ao resultado dos protestos, do qual boa parte foi alvo, em especial o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No Senado, a expectativa na terça é pela votação da Medida Provisória (MP) 870, da reforma administrativa, que pode caducar se não for aprovada até o dia 3, e que pode voltar a ser problema para o governo.
Na quinta-feira, estão programados novos protestos no País contra bloqueio de recursos para a Educação e, na agenda econômica, sai o PIB do primeiro trimestre. O consenso de mercado é de um número negativo, que deve endossar a avaliação de que o PIB de 2019 este ano ficará em torno de 1%.