A primeira estudante indígena a obter o título de mestre na UEL, Gilza Ferreira de Felipe Pereira, faz a defesa de sua dissertação na próxima sexta-feira (4), a partir das 14 horas, em sessão pública que será transmitida ao vivo pelo Youtube.
Gilza pertence à etnia Kaingang, aluna do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social da UEL. O tema da dissertação é “Mulheres Avá-Guarani no Oeste do Paraná: a educação superior indígena enquanto espaço de resistência”.
A estudante foi bolsista CAPES pelo Edital Memórias Brasileiras: conflitos sociais, integrante do projeto de pesquisa “Conflitos e resistências para a conquista e demarcação de Terras Indígenas no Oeste do Paraná: os caminhos e as expressões do fortalecimento das lideranças e da cultura Guarani”, desenvolvido conjuntamente por pesquisadores da UEL, UEM, UNICENTRO e USP/ESALQ.
Segundo ela, a partir da experiência de participar deste grupo de pesquisa foi possível levantar parte da história de uma etnia indígena no Oeste do Paraná. Ela explica que a situação do povo Ava-Guarani é lastimável, bem diferente dos demais povos que podem contar com áreas demarcadas. Durante o trabalho de campo os pesquisadores constataram uma verdadeira luta pela sobrevivência.
“Eles vivem no limite. Denunciamos os conflitos que os indígenas passam pela questão da terra”, testemunha. A partir deste estudo ela conseguiu concluir três publicações entre artigos e capítulos de livro, inclusive internacional, na Universidade do Arizona, em Tucson, nos Estados Unidos.
“Sou uma parte deste processo de luta. O mestrado será uma conquista individual, mas também de todo o povo Kaigangue, Guarani e Xetá. Entendo que é um momento para contar nossa história. Até hoje narrada somente por não índios”, define Gilza.