Em vídeo publicado há uma semana no Youtube, o canal Hyped Content Brasil apresentou ao Brasil o garoto Gian Tancredo, que rapidamente ficou conhecido como o “gordinho do outfit”. Na publicação, o menino exibe orgulhoso seu vestuário que, somado, custa cerca de R$ 40.000,00. O vídeo original já foi reproduzido mais de 3 milhões de vezes e obteve cerca de 33 mil comentários até agora e tem gerado polêmica não apenas nas redes sociais.
Muitas pessoas têm questionado a prática conhecida como hyperbeast, em que jovens ostentam produtos caríssimos e compartilham os preços de suas peças em vídeos chamados de how much is your outfit ou, em português, quanto custa o outfit. “Antigamente nós víamos o interesse por marcas específicas começar a surgir na adolescência, por volta dos 12 anos; hoje, crianças de 9 anos já apresentam essas características”, afirma Denise Martins Américo de Souza, doutoranda em Educação e orientadora educacional de uma escola particular em Londrina.
A educadora, que atua há cerca de 30 anos com crianças e adolescentes, garante que crianças que têm acesso a tudo que desejam apresentam dificuldades sociais e psicológicas na vida adulta. “São pessoas que não aprendem a lidar com a frustração e frustrar-se é imprescindível para a formação da identidade, para aprender a ser resiliente e mais tolerante consigo e com o outro”.
Aos pais, a orientação é o diálogo e o acolhimento. “Hoje os youtubers são muito novos e enriquecem rapidamente, e isso soa como uma mensagem de sucesso ligado ao consumo. É preciso investir tempo para que os filhos tenham os pais como referência não apenas de sucesso, mas de frustração também; falar abertamente com as crianças e mostrar o real valor dos relacionamentos é um trabalho que deve ser feito de modo contínuo”, declara.
