Graham e Damon Hill. Gilles e Jacques Villeneuve. Keke e Nico Rosberg. O automobilismo mundial está repleto de histórias em que o talento e a paixão pelas pistas passam de geração em geração. No Brasil, essa tradição também se mantém firme.
Na Fórmula 1, Rubens Barrichello foi um dos pilotos que mais largaram na história da categoria. Agora, acompanha de perto o filho Dudu, que também escolheu seguir carreira nas pistas e até mesmo dividiu o traçado com o pai na Stock Car. Hoje, Dudu corre no WEC (World Endurance Championship). E Rubinho revela que não é fácil: para correr com o filho com tranquilidade, é necessária muita terapia:
"Você tem que fazer muita terapia para ter aquela paz de espírito para não querer agir com situações que é dele, a vida que vai colocar para ele de dificuldade, mas é difícil, não é fácil não."
Mas nem sempre é preciso dividir o cockpit para viver a emoção em família. O piloto Jaidson Zini, por exemplo, conta com um apoio especial: seu filho Pedro, que tem síndrome de Down e está presente em todas as corridas. Zini garante que a presença do filho nas competições ajuda no seu desenvolvimento:
"Ele conhece todos, todos os caminhões, todos os pilotos, é um amor incondicional. Síndrome de Down, ele tem um amor especial. Comigo ele é muito grudado, onde tem corrida ele vai comigo, daqui a pouco ele está no box, me acompanha direto, me traz muita energia, e eu consigo ajudar ele também no desenvolvimento."
Roberval Andrade, que é um dos multicampeões da Truck, é pai de Victor Andrade, que acelera na Nascar Brasil. A troca de experiências entre os dois vai além dos boxes, mas cada categoria exige uma abordagem diferente — algo que Victor destaca quando comenta que “tem coisas que não dá para levar do caminhão para o carro”.
Além disso, Roberval é um verdadeiro pai coruja:
"Ele é assim, muito puro, muito dedicado, namora há 3 anos, não sai para balada, faz 20 horas de simulador por semana, então ele está voando aí e eu estou incentivando."
E lembram do que o Rubinho falou? Durante a entrevista, Roberval comentou sobre um incidente que ocorreu entre Beto Monteiro — que divide as pistas com ele na Copa Truck e com Victor Andrade na Nascar Brasil. Segundo Roberval, Beto teria, inclusive, jogado o carro para cima de Victor em uma prova da Nascar Brasil, justamente por conta da rivalidade que eles possuem na Truck.
Outro exemplo de herança nas pistas vem da família Giaffone. Nicolas Giaffone, filho de Felipe Giaffone — heptacampeão nas corridas de caminhão — tem se destacado com vitórias consecutivas na temporada 2025 da Copa Truck Elite. O jovem piloto reconhece a importância das dicas do pai em sua formação. Já Felipe, que também tem outro filho, Tito Giaffone, que corre na Nascar Brasil, diz que prefere não dar muitas dicas justamente para não atrapalhá-los:
"Eu tento ajudar na telemetria um pouco aí, mas a equipe é bem estruturada e tem os pilotos que ajudam bastante. Então a gente tenta ajudar um pouquinho, mas tem que tomar cuidado para não começar a falar muito e atrapalhar, né."
Mas, mesmo assim, seu filho Tito Giaffone, piloto da Nascar Brasil, valoriza essa presença:
"Muito gostoso sempre ter o meu pai aqui do lado, e toda hora ele tá me ajudando em pontos a melhorar, baixa a telemetria comigo. Então, com toda a experiência que ele tem aqui, é perfeito para mim."
Ainda assim, os resultados falam por si. Com duas vitórias em duas etapas, Nicolas mostra que as orientações do pai fazem toda a diferença. Em uma prova que teve pista molhada por conta da chuva, Victor destacou que a ajuda de Felipe Giaffone foi fundamental:
"Estou super feliz com o resultado, de uma maneira que a gente não esperava, com chuva no início da prova (...) com certeza meu pai foi me passando tudo que eu precisava usar, de pressão de freio e tudo mais."
No fim das contas, seja no volante de um caminhão ou de um carro de turismo, a conexão entre pais e filhos no automobilismo vai além da pista. É um elo construído com velocidade, adrenalina e companheirismo.