Depois de ser indiciado por furto qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso Vai de Bet, Augusto Melo, presidente do Corinthians, concedeu uma coletiva nesta sexta-feira (23) e reiterou que não vai renunciar ao cargo.
Ao lado de Ricardo Cury, seu advogado pessoal, Augusto Melo pediu calma e paciência aos torcedores e ainda disse que irá provar a sua inocência na próxima segunda-feira (26), em reunião do Conselho Deliberativo, que vai julgar o impeachment do presidente do Corinthians.
“Muito tranquilo, porque a minha vida é muito transparente, honesta, tenho uma vida familiar maravilhosa. Estou trabalhando incansavelmente pelo Corinthians, sou corintiano. Não passa pela minha cabeça, em hipótese nenhuma, renunciar. Mesmo porque eu não devo nada. Ao contrário. Neste um ano e meio eu estou dedicando a minha vida ao clube. (...) Eu não tenho envolvimento nenhum, confio na Justiça. Eu, mais do que ninguém, quero essa investigação, me coloco à disposição em tudo, mostro documentos. Faço questão que a Justiça investigue. Mas estou muito tranquilo, não vou renunciar, não penso em renúncia”, disse Augusto Melo.
Eu vou renunciar por uma coisa que eu não fiz? Renunciar por uma coisa que não é verdade? Nós vamos provar, eu estou muito tranquilo quanto a isso. Sou a mesma pessoa de sempre. (…) Vamos precisar provar a inocência, e a gente vai provar tranquilamente. É provar e tentar recuperar isso novamente [confiança das pessoas no clube] - Augusto Melo.
O advogado Ricardo Cury também falou na coletiva. O profissional reforçou que “o indiciamento não significa a condenação de ninguém” e lembrou que, em um relatório de inquérito, “a defesa não tem a oportunidade ao contraditório e à ampla defesa”.
“Não tem nada, nada. Nos indignou [o inquérito], não tem elementos para indiciar o presidente Augusto. E por que indiciou na antevéspera do julgamento do impeachment? Sabendo que essa data estava marcada. Por que o relatório não saiu na terça-feira, depois do julgamento, ou um pouco para trás?”, questionou Cury.
Na coletiva, o presidente do Timão também lamentou ter perdido o apoio da torcida – em nota, a principal organizada do clube, a Gaviões da Fiel, pediu o afastamento de Melo. “Fico triste porque a Gaviões, assim como todos os torcedores, estão lendo e ouvindo o que vocês falam. Mas vocês não estão procurando saber a verdade. Estão me julgando sem sequer ter prova, sem sequer ter terminado o inquérito. E depois, se eu for absolvido?”.
Augusto Melo foi indiciado nesta quinta-feira (22) por furto qualificado pelo abuso de confiança, associação criminosa e lavagem de dinheiro após a Polícia Civil publicar um relatório do inquérito sobre o caso Vai de Bet.
Além do presidente do Corinthians, também foram indiciados após as investigações da polícia Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do clube; Sérgio Moura, ex-diretor de marketing; e Alex Cassundé, dono da empresa responsável pela intermediação do contrato de patrocínio.
Inquérito policial
No inquérito, a Polícia Civil de São Paulo diz que “parece nítido” que o contrato de patrocínio envolvendo o Corinthians e a Vai de Bet não teve Alex Fernando André, o Alex Cassundé, como intermediário.
“Quem aproxímou o Clube da empresa de apostas, segundo se verifica dos autos, foram Antônio Pereira dos Santos, Sandro dos Santos Ribeiro e Washington de Araújo Silva”, afirma o inquérito.
O Corinthians firmou acordo para receber R$ 360 milhões pelo patrocínio da Vai de Bet. A quantia era referente a três anos de patrocínio.
Na hora de fechar o contrato, no entanto, o clube também acertou uma comissão de 7% do contrato (cerca de R$ 25 milhões) para a empresa intermediária do negócio, a Rede Social Media Design Ltda, que pertence a Alex Cassundé.
Em depoimento, Cassundé disse à Polícia Civil que não cobrou por intermediar o acordo e que o pagamento de R$ 25 milhões foi oferecido pelo Corinthians.